Nos últimos tempos, muita gente tomou conhecimento de Badi Assad ao ouvi-la no rádio, dividindo com Seu Jorge a interpretação de Vacilão ; que classifica como um ;pagoblues;. Violonista de formação erudita, ela se tornou, em 20 anos de carreira, artista de múltiplas facetas. Canta, dança e usa a voz e o corpo como instrumentos percussivos.
Em seu trabalho, destacam-se as experimentações vocais, os sons de percussão que produz com a boca, adicionados à inovadora técnica violonística, que atrai, cada vez mais, um número expressivo de admiradores, inclusive entre os colegas instrumentistas e críticos. ;Acho que tenho algo a dizer às pessoas, não somente àquelas que gostam do meu violão;, diz. ;No meu universo musical, pop, rock, jazz e música brasileira estão lado a lado;, acrescenta.
Ouça Waves, de Badi Assad
Badi trouxe sua arte à capital uma única vez, há cinco anos, quando fez uma apresentação no Teatro dos Bancários. Agora, está de volta à cidade para show, de hoje a sexta-feira, às 21h, no Clube do Choro, pelo projeto Brasília, 50 anos ; Capital do choro. No roteiro, reuniu músicas do DVD Badi Assad, que saiu neste ano, e outras que gravou em alguns dos nove discos lançados entre 1989 e 2006.
;Este vai ser um show atípico, uma exceção em minha trajetória, pois vou usar a voz somente como instrumento. Não haverá canto, é outra viagem;, anuncia. ;Aceitei fazê-lo porque não poderia perder a oportunidade de me apresentar num palco consagrado no país, como o do Clube do Choro, de quem recebi as melhores informações vindas de colegas da música que tocaram lá.;
Com arranjos do irmão Sérgio Assad (que forma com Odair o Duo Assad), da sobrinha Clarisse Assad e de Carlinhos Antunes, Badi vai mostrar no recital Joana Francesa (Chico Buarque e Ruy Guerra), Palhaço (Egberto Gismonti), Choro de Juliana (Marco Pereira), A bela e a fera (Edu Lobo e Chico Buarque), Sweet dreams (Eurythmics) e, claro, Vacilão (Zé Roberto).
A cantora e violonista chegou no fim da semana passada dos Estados Unidos, onde fez uma série de apresentações em Chicago, no Arizona, na Califórnia e no Novo México. Em agosto, ela esteve ao lado de Toquinho numa longa turnê por 14 cidades italianas. Numa outra viagem à Europa, para participar de festival na França, Badi conheceu Seu Jorge, de quem tornou-se amiga e parceira.
;Estávamos hospedados no mesmo hotel. Depois dos shows que fizemos, nos encontramos para bater papo. Aí ele me mostrou Vacilão, que havia sido gravada por Zeca Pagodinho. Gostei do espírito do samba e o incluí em Wonderland, CD que lancei em 2006, o nono da minha discografia. Aí convidei Seu Jorge para dividir a música comigo. Acabou tocando bastante no rádio;, comemora.
BADI ASSAD
Show de hoje a sexta-feira, às 21h, no Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.
Andando pelo mundo
Badi Assad tem discos lançados em várias partes do mundo. O mais recente, Wonderland, foi considerado pela BBC de Londres um dos 100 melhores álbuns de 2009 e se destacou como o 27; no ranking da Amazon.com. No mesmo ano, ela foi eleita uma das melhores violonistas do mundo, ao lado de Ben Harper, pela renomada revista norte-americana Guitar Player.
Com carreira internacional, a instrumentista já trabalhou com artistas como Bob McFerrin, Yo-Yo-Maa, Sarah McLoughlin, David Broza, Naná Vasconcelos e Elba Ramalho, além de Toquinho e Seu Jorge. Também tomou parte de prestigiados festivais de jazz e shows internacionais ; na França, na Holanda, nos Estados Unidos e no Canadá. Waves, música de autoria dela, faz parte da trilha do filme Acontece nas melhores famílias (It runs in the family), protagonizado por Michael e Kirk Douglas. (IRL).