Princesa e regente do império brasileiro, Isabel de Orl;ans e Bragança manteve relação de íntima cumplicidade com a irmã Leopoldina, dois anos mais nova, durante toda a juventude. O único acontecimento que separou as irmãs foi o casamento. Leopoldina, porém, morreu aos 23 anos, vítima de tifo, doença que vitimou parte dos nobres da família. O encontro final entre as duas princesas é o ponto de partida do espetáculo A despedida, que analisa a força dessas figuras históricas que raramente surgem nas páginas dos livros de história. A peça estreia hoje, às 21h, e segue até 7 de novembro, sempre de quinta a domingo. A direção é de Iuri Saraiva.
;A intenção é falar sobre as relações femininas de amizade e sobre os dilemas e dificuldades que as mulheres de hoje enfrentam, como a necessidade de equilibrar filhos, marido, trabalho, cuidado com a aparência;, explica Hanna Reitsch, uma das autoras do texto e intérprete da famosa princesa. Ela lembra ainda que os alunos de história do Brasil raramente conhecem as heroínas brasileiras, mulheres que marcaram os rumos do país, e Isabel merece um posto nesse panteão de memória. ;Ela era extremamente moderna, pensava em reforma agrária, educação pública, arte e tecnologia;, destaca a atriz. ;Há relatos de que ela manteve um quilombo dentro do palácio e quem trabalhava nesse espaço era pago por isso;, completa Juana Miranda, coautora do texto e também produtora do espetáculo.
A relação fraternal serve como ponto de partida, mas o enredo ganha elementos fantasmagóricos. O texto recorre a um conto de Daniel Defoe, A aparição da senhora Veal, relato de duas amigas de infância separadas pelas circunstâncias, que se reaproximam em um momento dramático. Detalhe: uma delas já morreu. À imagem e semelhança do conto, a princesa Isabel e a irmã mantêm seu diálogo final no dia em que Leopoldina morre. Apesar da apropriação criativa, as autoras garantem que todos os episódios relatados na vida das princesas são reais e muitos diálogos foram retirados de documentos históricos. A abordagem é que ganhou tons sobrenaturais. Entre os dramas enfrentados, surgem as dificuldades de Isabel de assumir o Senado e de lidar com a imprensa, sempre severa diante de suas posições avançadas e intolerante com o poder atribuído a uma mulher.
A equipe de produção pretende levar a peça para os pátios de escola, e, atualmente, entra em contato com as Regionais de Ensino do DF para divulgar o projeto. O termômetro do grupo foi uma apresentação feita em uma escola pública da Asa Norte, bem recebida por alunos e professores, que depois da apresentação, elogiaram o fato de temas estudados em sala de aula receberem uma abordagem artística. As escolas também poderão agendar oficinas de roteiro, atuação e figurino, com duração de quatro horas cada uma. (MM)
A DESPEDIDA
De hoje a sábado, às 21h, e domingo, às 20h, no Espaço Cena (SCLN 205; 3349-3937). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.
MACHADO NO LIQUIDIFICADOR
; Texto de Machado de Assis, A cartomante ganha adaptação, que marca a estreia do grupo Liquidificador. A trama conta a história de triângulo amoroso, que tem início quando o marido, Vilela, apresenta à mulher, Rita, um amigo de infância. O destino dos três é selado pela cartomante que intitula a obra. A montagem ganhou pegada pop, com uma trilha sonora que passeia pelo rock clássico e até trilhas sonoras de novelas mexicanas. A peça estreia amanhã, às 21h, no Teatro Galpão ; Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). Sextas e sábados, às 21h, e domingos às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 12 anos. Até 14 de novembro.