Henrique Cazes é, possivelmente, a maior autoridade em choro, gênero considerado pelos historiadores a gênese da MPB. Instrumentista, compositor, líder de grupos, produtor de discos e autor de livros, esse carioca de 50 anos, 34 de carreira, é um perfeito workaholic. Embora esteja sempre debruçado em projetos, ainda encontra tempo para comandar oficinas, dar palestras ; tudo tendo como foco o estilo musical que defende de forma aguerrida ;, apresentar programa de rádio e fazer mestrado em etno-musicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Com presença cativa em todos os projetos desenvolvidos pelo Clube do Choro, Cazes está de volta para apresentações de hoje a sexta-feira, às 21h, na sequência do Brasília, 50 anos ; Capital do choro. Desta vez, ele terá a companhia do grupo Choro Livre, integrado por Reco do Bandolim, Henrique Neto (violão sete cordas), Rafael dos Anjos (violão seis cordas), Márcio Marinho (cavaquinho) e Valerio Xavier (pandeiro).
;Ainda não toquei com o Choro Livre, mas conheço bem o trabalho do grupo, renovado pelo Reco, que trouxe para a formação jovens músicos de talento, originários da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello. Num dos blocos do show, deixo de lado a condição de solista para acompanhá-los nos solos que cada um vier a fazer;, adianta o cavaquinista.
Ele diz que o show será um mix das várias experiências vivenciadas ao longo da carreira. ;Preparei um roteiro com músicas de compositores por quem tenho admiração e sobre os quais realizei alguns projetos: Pixinguinha, Garoto e Waldir Azevedo. Com a chegada dos 50 anos, passei a dar ênfase, também, ao meu trabalho como compositor, que vinha sendo deixado de lado. Por conta disso, vou tocar alguns temas autorais, como Real grandeza, que compus para César Faria (pai de Paulinho da Viola), ainda em vida; e Praça do Lido, com o qual homenageei Chiquinho do Acordeon, de quem produzi o último disco, lançado em 1992.;
Projetos
Um dos projetos mais recentes de Cazes foi a produção dos discos de Waldir Azevedo, Chiquinha Gonzaga e Jacob do Bandolim para a coleção de um jornal paulista, lançada neste ano. Ao deter-se sobre o CD com músicas do ;rei do cavaquinho;, ele conta que, das 14 faixas, nove são gravações originais de Waldir, uma do conjunto Época de Ouro e Dino 7 Cordas. ;Além de produzir o disco, estou presente em quatro faixas: Vê se gostas (com Raphael Rabello), Quitandinha (com Rildo Hora), Mágoa de cavaquinho (com Chiquinho do Acordeon) e Choro novo em dó, uma das músicas mais significativas da fase brasiliense do genial cavaquinista, que gravei sozinho.;
Ouça Choro novo em dó, com Henrique Cazes
No começo deste ano, saiu pela gravadora Biscoito Fino o álbum Carmem Miranda, hoje, com gravações originais da Pequena Notável, com remixes acústicos. O responsável por essa ;atualização; das músicas da cantora foi Henrique Cazes, que assinou o projeto com o biógrafo Ruy Castro. ;Selecionamos músicas da Carmem em que a voz dela estava bem colocada e o acompanhamento meio apagado. Na edição, esse acompanhamento foi retirado. Juntamos à voz instrumentação atualizada criada por mim, Beto Cazes (percussionista e irmão dele), Luís Filipe de Lima (violonista) e Dirceu Leite (sopros).;
Como solista, o cavaquinista lançou os discos Henrique Cazes (1988), Tocando Waldir Azevedo (1990), Waldir Azevedo, Pixinguinha, Hermeto Pascoal & Cias (1992), Relendo Waldir Azevedo (1997), Pixinguinha de bolso (2000), Tudo é choro (2004) e Vamos acabar com o baile (2007). Cazes, que dirige a Orquestra Pixinguinha, realizou, ainda, elogiados projetos, como Beatles;n;choro (quatro CDs) e Bach in Brazil, lançados em 40 países pelo selo britânico EMI Classics. Some-se a isso o método Escola moderna do cavaquinho (Lumiar Editora), que está na 11; edição.
História do cavaquinho
; No momento, Henrique Cazes está envolvido com a filmagem de um documentário de produção portuguesa, intitulado Apanhei-te cavaquinho, dirigido pelo lusitano Ivan Dias ; o mesmo que dirigiu o filme Fados, de Carlos Saura. ;Em junho, Ivan esteve no Rio com sua equipe e filmamos com Mané do Cavaco (figura mitológica do choro), Paulinho da Viola, Alceu Maia, Mauro Diniz e Wilmar Amorim. No próximo dia 30, vou ao encontro deles em Portugal e lá serão feitas imagens em Braga (onde o cavaquinho foi inventado), Porto, Coimbra e Lisboa. Além de ser roteirista, fazer entrevistas e atuar como âncora no filme ; uma produção da Rádio e Televisão Portuguesa ;, Cazes toca cavaquinho e violão.
HENRIQUE CAZES
Show do cavaquinista e violonista carioca, acompanhado pelo grupo brasiliense Choro Livre, de hoje a sexta-feira, às 21h, no Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.