Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Baleiro lança selo próprio com 2 discos, celebrando 13 anos de carreira

É hábito artistas festejarem o tempo de carreira em datas redondas. Zeca Baleiro fugiu ao lugar-comum e pôs em prática uma série de projetos para comemorar os 13 anos passados desde que saiu seu primeiro disco, Onde andará Stephen Fry?. Os álbuns Concerto e Trilhas, que estão sendo lançados simultaneamente, integram pacote comemorativo, batizado por Zeca de ;Vocês vão ter que me engolir; e composto também por livro, musical infantil e um programa radiofônico transmitido via internet. ;Não tenho grande fetiche por números, mas 13 é um número que me atrai, assim como o 17. Havia vários projetos guardados na gaveta e, com a chegada dos 13 anos de carreira, achei que seria um bom pretexto para fazer disso uma pequena celebração;, explica o artista maranhense.

Concerto e Trilhas também entram para a história de Zeca Baleiro como os primeiros que ele lança pelo próprio selo, Saravá Discos. ;Como eu estava sem gravadora, resolvi fazer disso uma empreitada independente;, diz o músico, que desde Onde andará Stephen Fry? (1997) até O coração do homem-bomba ao vivo (2008) esteve ligado à MZA Music. Os dois álbuns partem de conceitos bem específicos. Privilegiam, respectivamente, a porção de intérprete e a de autor de trilhas sonoras para cinema e espetáculos de teatro e dança.

No primeiro, gravado ao vivo no Teatro Fecap, em São Paulo, algumas canções inéditas dividem espaço com regravações de artistas tão diversos quanto Chico César (Barco), Camisa de Vênus (Eu não matei Joana D;Arc), Cartola (Autonomia) e Foo Fighters (Best of you). ;Concerto saiu da vontade que eu tinha de gravar um show só com violões e do encontro com dois músicos que são também amigos que se admiram mutuamente: Swami Jr., um músico mais MPB, e Evaldo Luna, que é mais rock, blues. Achei que daria uma liga interessante e deu;.

As 14 faixas (mais uma bônus) incluídas no álbum Concerto foram selecionadas entre várias testadas durante shows feitos pelo trio em Recife, Belém e depois em longa temporada em São Paulo. ;A ideia era fazer releituras, de Assis Valente a Foo Fighters, passando por Walter Franco, Elton John e outros artistas que a gente gosta;, ressalta Zeca. A seleção final foi apresentada e registrada em três shows no Teatro Fecap, mas Zeca abriu espaço, entre as releituras, para composições próprias, como Canção pra ninar um neguinho, feita para Michael Jackson, Mais um dia cinza em São Paulo e Armário.

Espetáculos

Já Trilhas é uma coletânea com cara de disco novo. Reúne composições que Zeca Baleiro fez para os filmes Carmo, longa de Murilo Pasta, e Flores para os mortos, curta de Joel Yamaji, e para os espetáculos de dança Geraldas e avencas, do Grupo 1; Ato; Cubo, do Lúdicadança; e Mãe gentil, de Ivaldo Bertazzo. ;Desde que comecei na música, fiz várias trilhas para o teatro infantil e isso me deu certa cancha. Quando vim para São Paulo, continuei fazendo esse tipo de trabalho e produzi obras que considero bastante relevantes, porque já tinha amadurecido meu lado trilheiro;, avalia o compositor.

Zeca lembra que duas dessas trilhas (as de Cubo e Geraldas e avencas) já tinham saído em disco. ;Mas foram tiragens limitadas, e era uma obra que eu achava interessante e digna de ser conhecida por mais gente;, conta. ;A do espetáculo do Mário Bertazzo não tinha nenhum registro, estava completamente perdida e aí resolvi desencavar algumas das canções;. Numa delas, Roxinha, Zeca se deu ao cuidado de convidar Rosi Campos, que a cantava no palco, para gravar com ele em estúdio. Curioso é que, apesar de ser um disco de trilhas, apenas três das 12 faixas são instrumentais. Músicas como Carmo, Turbinada e Cunhataiporã (de Geraldo Espíndola, única não autoral) poderiam estar, sem estranheza, em um disco de carreira do cantor.