Diversão e Arte

Exposição no Museu da Imprensa traz as capas inaugurais dos jornais

Ricardo Daehn
postado em 30/09/2010 08:00
Como que num passe de mágica, notícias defasadas ; até mesmo para a longínqua publicação delas em jornais dos séculos 19 e 20 ; readquirem relevância, numa visita à exposição Periódicos brasileiros ; Capas inaugurais, montada no Museu da Imprensa Nacional. ;Há especial interesse de estudantes de jornalismo, direito e história, que chegam até em caravanas de outros estados. Visitantes durante a exposição em cartaz na sede da Imprensa NacionalQuem visita, atenta para os termos linguísticos empregados às diferentes épocas: há grafias de açúcar com dois esses. É possível ver uma evolução nítida em relação aos jornais de hoje;, explica Rubens Cavalcante responsável pelo museu e considerado pelos colegas ;um museu ambulante;, quando o assunto envolve periódicos. Há 22 anos, Cavalcante segue na coleta de materiais raros, ao remexer em acervos de arquivos e contar com parcerias com a Biblioteca Nacional. Ouça trechos da entrevista com Rubens Cavalcanti, responsável pelo Museu da Imprensa Nacional No rastro da imprensa moderna, delimitada por Gutenberg a partir de 1450, os periódicos (nascidos em 1605), na exposição, ganham duas linhas: de um lado, tópicos governistas (registrados no Diário Oficial) e, do outro, iniciativas privadas, autorizadas, a partir de 1811, com o nascimento do jornal baiano Idade D;Ouro. A ponte de atualidade dos registros, reproduzidos em 60 painéis, se firma em alguns conteúdos. Num paralelo com as discussões contemporâneas (pré-eleições), a Província de Goyas, em 1830, estampou: ;A liberdade da Imprensa não he considerada como sustentáculo dos governos;. A afirmação desdizia D. João VI, e que propiciou o primeiro livro brasileiro, em 13 de maio 1808. Capa da primeira edição do Correio Braziliense em Brasília;O príncipe regente proibiu a circulação do Correio Braziliense (;ou Armazem literário;, editado em Londres, em 1808) por achar que o monopólio de impressão de jornais no Brasil deveria ser da Impressão Régia (atual Imprensa Nacional), criada por ele, no mesmo ano;, conta Rubens Cavalcante. Curiosamente, mesmo atacada, em 1822, pela criação de A malagueta (uma das publicações presentes na mostra) ;, a Coroa portuguesa garantiu a regulação da imprensa, por meio de Carta de Lei. No âmbito político da iniciativa da Imprensa Nacional, coincidindo com a presença do mesmo órgão desde a inauguração da nova capital, a atuação do Correio também está listada, com a edição de 21 de abril de 1960, que traz, na capa, notícias manchetadas como ;Brasil, capital Brasília; e ;O Correio Braziliense volta a circular depois de 137 anos;. Exaltando a democracia no ;árduo pelejar do jornalismo político;, a capa inaugural do jornal A Tarde, datada de 1912, traz um editorial propondo a fórmula de publicação ;honesta, boa e bem educada;, antecedido por lamentações em torno da demolição da, ainda que ;pequenina e tosca;, ;velha Igreja da Ajuda;. Termos e tópicos divertidos também estão espalhados na Certidão de Nascimento (em 1825) do mais antigo jornal em circulação no país, o Diario de Pernambuco. Curiosidades sobre a evolução da imprensa Pílulas já impressas
  • O jornal carioca Gazeta de notícias, fundado em 1875, torna-se o primeiro jornal brasileiro a usar cores, em 1907.
  • Pioneiro no Estado do Rio Grande do Sul, o Diário de Porto Alegre surgiu em 1827.
  • Em 1821, foi estabelecido o Diário do Rio de Janeiro, primeira publicação diária no país.
  • Esgotado em 1791 números, o jornal Gazeta do Rio de Janeiro (editado e impresso no Brasil) empregou o primeiro jornalista remunerado do país: o baiano Manuel Ferreira de Araújo Guimarães. No veículo que consolidou a carreira de jornalistas brasileiros, e que teve a publicação firmada a partir de 10 de setembro de 1808, havia destaque para notícias "vindas por via de França".
  • Ainda hoje, o jornal semanal gaúcho O taquarim é montado de forma rudimentar, ou seja, tipograficamente.
  • Na sequência da existência das publicações Folha da Noite (1921) e Folha da Manhã (1925), a mudança de nome de Folha de S. Paulo correu em 1; de janeiro de 1960.
  • No 11 de setembro de 1968, a revista Veja foi lançada, tendo na capa o título O grande duelo no mundo comunista.
  • O Patriota (1813) foi o primeiro jornal literário, político e mercantil do país. Nele, os grandes intelectuais da época publicavam matérias.
  • Na esfera da difusão de técnicas de impressão na América, o México foi pioneiro, com a primeira gráfica montada em 1530. Já em 1690, nasceu o primeiro jornal na América, redigido em Boston.
PERIÓDICOS BRASILEIROS - CAPAS INAUGURAIS Saguão do Museu da Imprensa Nacional (Setor de Indústrias Gráficas, Q. 06, Lt. 800, 3441-9619). De segunda a sexta, das 8h às 18h, com acesso livre. Exposição com 60 painéis que apresentam as primeiras capas de publicações nacionais.

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