Diversão e Arte

Emílio Santiago comemora 40 anos de estrada com o CD Só danço samba

Irlam Rocha Lima
postado em 23/09/2010 08:00 / atualizado em 21/09/2020 14:29

Dono de belo timbre, cheio de bossa e um dos mais virtuosos intérpretes da MPB, Emílio Santiago vem da escola da noite. No começo da carreira ele era crooner do conjunto de baile de Ed Lincoln, o mais requisitado do Rio de Janeiro na década de 1960. Ao comemorar 40 anos de estrada, o cantor homenageou o organista que lhe deu o primeiro emprego, ao gravar o CD Só danço samba, e trazer de volta o estilo e a sonoridade criados por ele. ;O Ed Lincoln foi o cara que fez do órgão um instrumento de samba e criou uma escola, tendo como discípulos, Walter Vanderley e Eumir Deodato, entre outros. Pelo seu conjunto, passaram cantores e músicos como Orlandivo, Sílvio César e Márcio Montarroyos. Aprendi com ele ser um profissional da música e moldei minha maneira de interpretar como crooner do conjunto do Ed, um cearense que conquistou o Rio e, por extensão, o Brasil;, lembra Emílio. Agradecido, o cantor conta que Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia (nome verdadeiro do organista), hoje longe da música e morando em Teresópolis (RJ), ;apostou em meu potencial quando eu era ainda bem moço. Fui acompanhado por ele em boates a como a Drink, a do Hotel Plaza e de outros locais da noite carioca. O Ed ficou muito feliz com a homenagem;. Só danço samba, produzido por José Milton, inaugura um novo momento de Emílio que, aos 64 anos, estreia como dono de selo, o Santiago Music. ;Como houve quem desse suporte para a gravação do disco ; com distribuição pela Universal Music ; , percebi que havia chegado a hora de eu investir no meu próprio selo;. Emílio destaca o fato de ter total controle sobre o repertório, os arranjos e a sonoridade pretendida. ;Aos 40 anos de carreira, posso finalmente comemorar minha independência artística, cantar o que gosto sem nenhum tipo de ingerência da parte de gravadora.; Só danço samba CD de Emílio Santiago, produzido por José Milton, com 14 faixas, lançamento do selo Santiago Music e distribuição da Universal Music. Preço médio R$ 28.Para reproduzir a sonoridade criada por Ed Lincoln nos anos 1960, convocou músicos de reconhecida competência e talento instrumental, a começar por Julinho Teixeira, que criou arranjos para piano e órgão; José Carlos (violão e guitarra), Jamil Joanes (baixo), Paulo Braga (bateria), Jessé Sadoc (tompete e flugelhorn), Dircei Leite (sax e flauta) e Jorjão Barreto (arranjos e piano). Até chegar às 16 músicas do álbum, Emílio se deteve numa lista bem maior de músicas pré-selecionadas. ;A escolha não foi fácil, mas acredito ter gravado músicas que se adequaram melhor ao projeto. Não poderiam faltar, obviamente, algumas daquelas que fazem parte da obra do homenageado;, citando Olhou pra mim (Ed Lincoln e Sílvio César), Nunca mais (Ed Lincoln e Sílvio César),Deix;isso pra lá (Ed Lincoln e Luiz Paulo), Falaram tanto de você (Durval Ferreira e Orlandivo) e Zum zum zum (Orlandivo e Durval Ferreira). Ouça a faixa Só Danço Samba ;Só danço samba (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), que dá título ao CD foi uma das primeiras em que pensei para esse trabalho;, revela. Há, ainda, outras bossas como Samba de verão (Marcos e Paulo Sérgio Valle), Sambou, sambou (João Donato e João Melo) e Influência do jazz (Carlos Lyra). ;A cada dia que passa é uma canção que gravei originalmente, no segundo disco independente de Antônio Adolfo, mas que ficou pouco conhecida. Aí quis regravá-la para reverenciar este grande músico brasileiro;, explica. Três sambas, um antigo e dois conmpostos mais recentemente, também entraram no repertório. Na onda do berimbau (Oswaldo Nunes), Tendência (Dona Ivone Lara e Jorge Aragão) e Chega (Mart;nália e Mombaça). Emílio já percorre o país com a turnê do So danço samba. ;Quero muito fazer este show em Brasília, onde vou desde o começo da carreira. Neste final de semana, vindo de Belém, estarei aí, mas para visitar meu amigo e artista plástico Zello Visconti;.

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