De mulheres para mulheres, mas de portas abertas para todos os sexos, começa hoje a segunda edição do Festival mulher em cena. Até domingo, quase todo o Teatro Nacional Claudio Santoro estará ocupado com peças de teatro, mostra de cinema, shows de música, oficinas, exposições e até um brechó. Entre os destaques da programação, que mescla artistas do Distrito Federal e convidados de todo o Brasil, estão as peças A alma imoral, com Clarice Niskier, e Parem de falar mal da rotina, com a poetisa Elisa Lucinda, ambas apresentadas em longas temporadas no Rio de Janeiro.
Na música, a pernambucana Alessandra Leão trará seu samba de coco pela primeira vez à capital. "Buscamos artistas daqui e de fora, cujo trabalho abordasse a condição da mulher, do ser feminino", explica a atriz Amara Hurtado, uma das coordenadoras do festival, ao lado de Anasha Vanessa e Mariana Baeta, as três à frente da ONG Arcana, responsável pelo festival.
A programação de hoje inclui a abertura da Mostra de Cinema, às 19h, com quatro curtas-metragens sob o tema Candangas. Até sábado, 15 títulos serão exibidos e, no fim de cada dia, haverá debates com a participação de representantes dos filmes convidados. Já a maratona teatral começa às 20h, com Cordel das três donzelas, espetáculo brasiliense da companhia Depois das Cinco, no foyer da Martins Pena, seguido do espetáculo de Elisa Lucinda. Mas o evento começa cedo - a abertura será às 9h, com a vivência Roda de Mulheres, na sala de ensaio do teatro.
Absorventes
[SAIBAMAIS]Todas as atrações terão entrada gratuita, com exceção dos espetáculos teatrais na Sala Martins Pena, com ingressos trocados por um pacote de absorventes descartáveis, que serão encaminhados às mulheres atendidas pela ONG no Distrito Federal e em Goiás. "Somos uma ONG sem fins lucrativos, as nossas atividades são gratuitas. Isso é da filosofia da instituição, mas escolhemos os absorventes como moeda de troca porque muitas mulheres ainda não têm acesso a ele", comenta Amara Hurtado, uma das curadoras do evento.
O Festival mulher em cena vai até domingo e ocupará as salas Martins Pena e Alberto Nepomuceno do Teatro Nacional, além do foyer, das áreas externa e de circulação e dos camarins. A proposta é que haja uma integração entre as atividades, pois as pessoas poderão circular entre os espaços, que estarão identificados visualmente com a logomarca do festival. "Nesse espaço de convivência, público e artistas poderão relaxar e trocar experiências", adianta Anasha Vanessa.
Essa é uma dos destaques do festival em relação ao primeiro evento, realizado em outubro de 2009. O crescimento da mostra de cinema, as oficinas, as vivências e o brechó também são novidades da versão 2010 do Mulher em cena, que terá uma versão míni na cidade de Palmas, de 22 a 26 de setembro. Na capital de Tocantins, as atrações serão apresentadas de forma itinerante pelos bairros da cidade. "O objetivo é, realmente, valorizar, dar destaque à arte e à expressão artística das mulheres. Mostrar o que estão produzindo faz com que as pessoas vejam seu poder de voz, de expressão", afirma Amara.
Arteterapia
A ONG Arcana existe desde 2005 e tem como principal projeto a Roda de Mulheres, encontros temáticos baseados na arteterapia restritos a mulheres, com o objetivo de estimular sua criatividade e autoconhecimento. Foi fundada por Amara Hurtado e Anasha Vanessa, atrizes que integravam a companhia teatral Viramundo. Dois anos depois, a também atriz Mariana Baeta juntou-se ao projeto e hoje é presidente da instituição, que se mantém majoritariamente com o apoio de órgãos públicos. O 2º Festival Mulher em Cena está orçado em R$ 600 mil..
FESTIVAL MULHER EM CENA
No Teatro Nacional Claudio Santoro. Todas as atrações têm classificação indicativa livre e acesso gratuito, exceto aquelas em que houver informação diferente. Nos espetáculos realizados dentro da Sala Martins Pena, o ingresso será trocado por um pacote de absorvente íntimo feminino descartável.