O fotógrafo espanhol Jose Haro trabalha fazendo making of de filmes há pelo menos 12 anos. Uma amostra do trabalho dele pode ser conhecida até o dia 25 deste mês na exposição Los invisibles - Um olhar aos bastidores do cinema espanhol pelas lentes de Jose Haro, em cartaz no Instituto Cervantes (707/907 Sul). O título é autoexplicativo. Uma amostra do que se passou por trás das câmeras de várias produções cinematográficas daquele país. "Uma filmagem é sempre cheia de situações interessantes para um fotógrafo", define Haro.
"Existe poesia enquanto existe magia. Ao fim e ao cabo, é um grupo de pessoas construindo um sonho que vai emocionar, fazer rir e chorar outras pessoas em diferentes momentos e lugares do mundo", descreve o fotógrafo sobre o ofício. A câmera por trás das câmeras de Haro prende-se com atenção a todo tipo de atividade em um set de filmagem.
O trabalho dos técnicos e da direção, a escolha do melhor ângulo, retratos de atores e figurantes. Nenhum detalhe escapa do olhar do espanhol que já trabalhou em produções de diretores como Ramón Salazar, Augustín Díaz Yanes, Koldo Serra, Bard Anderson, Alejandro González Iñarritu e Julian Schnabel. Atores reconhecidos internacionalmente também não. Gary Oldman está parado enquanto lhe retocam a maquiagem e Viggo Mortensen foi abatido num duelo de espadas. "Acho que todo mundo tem curiosidade em saber o que acontece por trás das câmeras. Isso não destrói a magia. Pelo contrário, pode dar a ideia do quão difícil é fazer um filme. Particularmente, quando vejo um e a história é boa, me esqueço completamente de que é um artifício e assisto com os olhos inocentes apesar de trabalhar neles. Acredito que seja igual para o público", admite o experiente fotógrafo.
Sobre as possibilidades estéticas do trabalho do fotógrafo, uma coisa é certa: o tipo de cinema feito na Espanha é suficientemente inspirador. "O cinema espanhol é marcado por um pouco de absurdo, uma mescla de realismo e irreverência, drama e humor negro. Podemos encontrar muito disso nos filmes de Berlanga e Almodóvar. Hoje em dia, toda uma geração de cineastas estão fazendo películas de gênero com bom resultado."
Haro esteve em Brasília mês passado para uma palestra sobre a exposição. A cidade lhe pareceu fotogênica, mas um tanto inabitável. "A primeira impressão é de que é um lugar para ser apreciado e não para se viver. De qualquer modo, estive aí somente por três dias. As pessoas me pareceram carinhosas e hospitaleiras", definiu.
LOS INVISIBLES
Um olhar aos bastidores do cinema espanhol pelas lentes de Jose Haro. Fotografias de Jose Haro em exposição no Espaço Cultural do Instituto Cervantes (707/907 Sul, Cj. D; 3242-0603). Visitação, de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h; sábados, das 8h às 14h. Até 25.