O maestro Ira Levin regeu um dos últimos concertos com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Na próxima terça-feira, o regente sobe ao pódio da Sala Villa-Lobos no Teatro Nacional pela última vez em 2010. Levin ainda toca à frente da sinfônica amanhã, no Parque Nacional da Água Mineral, e domingo, no Pontão. Depois de cancelado o convênio entre a Secretaria de Cultura, a Associação de Amigos Pró-Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e o BRB, que garantia a Ira Levin o cargo de regente titular até maio, o músico conduziu alguns concertos como maestro convidado. A secretaria, no entanto, achou melhor encerrar as atividades do maestro este ano. ;Foi decidido em comum acordo com Ira Levin, em função do momento político;, explica Daniel Dourado, responsável pela administração da orquestra até a chegada do novo diretor artístico.
Ira Levin foi afastado da sinfônica por recomendação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que entendeu a permanência do maestro no cargo como uma ilegalidade após o cancelamento do convênio. A Associação de Amigos Pró-Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro administrava o convênio e pagava o salário de R4 40 mil a Levin com dinheiro de repasses de emendas parlamentares apresentadas pela deputada cassada Eurides Brito, uma das investigadas na Caixa de Pandora. A deputada é sogra do maestro. ;Ele veio para cá porque é genro da Eurides. É um bônus, não um ônus. Ele não ganhou um tostão esse ano. Não tínhamos condição de pagar. Fizemos uma contratação agora como convidado. Foi um profissional comptente, internacional e elevou o nível da orquestra;, garante o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho.
Repertório
A agenda da orquestra precisou ser reformulada após o cancelamento do convênio. Regentes convidados subiram ao palco para manter as apresentações semanais e o repertório da temporada, apresentado por Levin no início do ano, foi refeito para se adequar à situação. Alguns concertos da temporada também foram suspensos. ;Estamos revendo o que foi preparado para o segundo semestre;, avisa Dourado, que também alega preocupação com a saúde dos músicos para as pausas maiores entre as apresentações. ;A agenda está mais dilatada para que o músico possa ter um descanso entre um concerto e outro. Estamos preocupados com o estado físico da orquestra.;
Dourado também revela que a maestrina cubana Elena Herrera já foi convidada para substituir Ira Levin e assumir a direção artística da orquestra ainda este mês. ;Mas só vai ser confirmada quando sair no Diário Oficial, o que deve acontecer nos próximos dias;, diz Dourado. Será a segunda vez da maestrina à frente da orquestra. Elena chegou ao Brasil em 1996 e assumiu direção artística do teatro até 1998. A orquestra não foi consultada sobre a indicação da musicista. ;A prerrogativa da escolha do maestro é do governo, não é do músico;, explica Dourado. As atividades da orquestra encerram em 14 de dezembro. Até lá, estão programados 12 concertos.