A história bíblica das irmãs Raquel e Lia, narrada no Gênesis, parece sempre ter atormentado Temístocles M. Castro, que assina sua ficção de estreia, Lia e sua gente, apenas como T.M. Castro. Jacó, filho de Isaque e neto do patriarca hebreu Abraão, casou-se com a primogênita de Labão, Lia, depois de ter trabalhado para o futuro sogro por sete anos. O pagamento deveria ter garantido a Jacó um casamento com Raquel, a quem ele amava, mas Labão exigiu mais sete anos de servidão pela caçula. Completados 14 anos, Jacó enfim uniu-se a Raquel, mãe de seus filhos favoritos, José e Benjamim. A preferência de Jacó por outra mulher, mesmo estando casado com Lia, deixou T. M. Castro perplexo, quando leu a história pela primeira vez, aos 12 anos. ;Por que o homem da história que então eu lia preferia uma segunda mulher à primeira, mãe de seis filhos dele? Ora, nesse meu tempo, um dos pesadelos dos adolescentes era justo o temor de o pai arribar com outra mulher e sua vida desmoronar;, explica o escritor cearense.
Castro só conseguiu se livrar do incômodo muito tempo depois, e por meio de um esforço literário. ;Em adulto, há uns dez anos, aproveitei o digno ócio e encarei deslindar o tema; vi que isso de preferência da segunda mulher era uma falácia histórica;, afirma. Em Lia e sua gente, o autor propõe um acerto com Lia e dedica a ela toda uma narrativa, que poderia ter acontecido ;em qualquer pedaço da América Latina;, diz.
Apesar de imprimir aos personagens e aos lugares características regionais, Castro diz ter ;quase repulsa, ojeriza a texto regionalista;. ;Encravei a história em um pedaço do Brasil que, à época que conheci, era bíblico;, justifica. O cearense se instalou em uma chácara próxima de Brasília para ter mais contato com a literatura e adquirir os livros de que precisava com mais facilidade. ;Vi que Lia e sua gente bem podiam ter morado por acolá;, completa.
A irmã de Lia, em vez de Raquel, é chamada de Cordeira. O pai é Cândido, em substituição a Labão. O personagem que representa Jacó é chamado apenas de senhore ou brabantês. Mas o tratamento que Castro confere a Lia é de protagonista. Ainda assim, o enredo do livro é nebuloso, entrelaça várias histórias em uma só e não permite um entendimento linear da história. Castro fez tudo isso de propósito, como se querendo subverter não apenas o destino de Lia, mas a própria experiência de escrever e de ser lido. ;É narrativa em prosa que discorre experiência humana, mas que intertextualiza com episódio da grande narrativa universal. Não há originalidade de tema, homens, mulheres, amores, preferências etc. Aliás, só a injúria ainda pode ser original;, constata.
A fórmula do amor
O mineiro Walter Alves Coutinho, de 71 anos, natural da cidade de Coromandel, passou toda a sua vida acumulando explicações e soluções para as questões que surgiam em sua vida. Após juntar toda sua experiência, ele se sentiu pronto para compartilhar com os outros, e assim, contribuir de alguma forma com a humanidade .
[FOTO4]Para não perder tudo que vivenciou, Walter resumiu suas conclusões e opiniões em 144 páginas, que originaram sua segunda obra, Triunfo do amor, distribuído pela editora LGE. Segundo o mineiro, o livro, que será lançado hoje, às 20h, no Auditório do Centro Cultural Brasília, traz um passo a passo de como lidar com o amor, que ele define como algo funcional, ou simplesmente como um comportamento social. ;O amor não é sentimento, é algo independente. Diferentemente de seu semelhante, ligado às paixões sentimentais;, classifica.
De acordo com o autor, o ;amor funcional; seria uma atitude responsável por determinar a sobrevivência humana na Terra. Ele explica que se trata de uma concepção filosófica de que homem e natureza são uma só entidade.