[FOTO1];O cinema é drama, não é acidente.; As palavras do cineasta Yasujiro Ozu foram dirigidas ao crítico Kiju Yoshida no leito de morte do mestre do cinema japonês em 1963. Elas definem bem um tipo de cinema exaustivamente pensado em todos os detalhes. Esta talvez seja a única premissa de uma mise en sc;ne criada dentro de uma filmografia antes de tudo delicada e tão diferente daquela que nossos olhos ocidentais se acostumaram a enxergar. Todos os filmes que serão apresentados na mostra Mestres do cinema japonês, de hoje a domingo, no Centro Cultural Banco do Brasil, se fiam nesse princípio.
[FOTO2]Obras-primas de Kenji Mizoguchi, Kon Ichikawa, Takeshi Kitano, Yoji Yamada, Mikio Naruse e Yasujiro Ozu serão projetadas em película. Akira Kurosawa tem o maior número de títulos selecionados: Madadayo, o último filme do cineasta, que morreu em 1998, Dersu Uzala, Juventude sem arrependimentos e Luta solitária estão entre os exibidos. De Ozu, um dos cineastas mais importantes do século 20, serão apresentados Pai e filha e Fim de verão. O mais novo entre os realizadores selecionados, Takeshi Kitano estará representado por Dolls, de 2002. ;As diferenças entre o cinema ocidental e oriental se construíram a partir de estereótipos que vêm desde o período colonial e que seguem sendo repetidos no cinema, na literatura, enfim, em todas as artes. Não é uma abordagem de iguais;, explica a pesquisadora Marcela Canizo, que estará na mostra em palestra amanhã, às 19h.
[FOTO3];A partir disso, há uma série de lugares-comuns no Ocidente em relação ao extremo Oriente. Quando se pensa em Japão alguns imaginam cerejeiras, outros a questão militarista e alguns não se importam com as diferenças entre os vários tipos de povos orientais;, enumera Marcela sobre uma filmografia desenhada principalmente a partir de forte tradição visual e pictórica. Os 14 títulos fazem parte da coleção do acervo do Centro Cultural Japão, no Rio de Janeiro. A mostra patrocinada pela Embaixada do Japão integra a programação do 8; Congresso Internacional de Estudos Japoneses no Brasil.
MESTRES DO CINEMA JAPONÊS
[FOTO4]De hoje a 29 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tr. 2, Cj. 22; 3310-7087). Sessões às 16h, 18h30 e 20h30. Hoje, às 19h, palestra Introdução ao Cinema Japonês, com o professor João Lanari Bo. Amanhã, às 19h, palestra O reconhecimento dos filmes de Kurosawa no Ocidente, com a pesquisadora Marcela Silvia Canizo. As classificações indicativas dos filmes variam entre livre e 14 anos.
Não deixe de assistir
Os anos dourados do cinema (1986)
De Yoji Yamada. Declaração de amor à sétima arte. Acompanha a transição do cinema mudo para o falado. Domingo, às 16h.
O intendente Sansho (1954)
De Kenji Mizoguchi. Aristocrata viaja à praia com seus filhos, mas é enganada por mercenários e as crianças são vendidas para o cruel Sansho. Obra-prima de Mizoguchi. Sexta, às 20h30
Madadayo (1993)
De Akira Kurosawa. Último filme do grande mestre do cinema japonês.
Quarta, às 20h30.
Pai e filha (1949)
De Yasujiro Ozu. A fortíssima relação entre o matrimônio e o cuidado com os pais idosos são explorados por Ozu nessa bela película. Quinta, às 20h30.
Dolls (2002)
De Takeshi Kitano. O amor infinito e destrutivo. Sexta, às 16h.