Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Circuito Inffinito apresenta filmes brasileiros para o público e agentes

Em busca de negócios interessados na produção nacional

Os festivais internacionais de cinema são famosos pelo glamour, mas por trás das telas existe uma atividade que os cinéfilos pouco percebem: negócios. As mostras funcionam como vitrines de produtos e profissionais e, na batalha por esses mercados, o Brasil se esforça para conseguir lugar ao sol. Exemplo disso é o festival Inffinito, criado há 14 anos, em Miami, por brasileiras que achavam que estava na hora de os gringos pararem de confundir a capital do país com Buenos Aires. ;Quando começamos, nossa plateia era composta só de brasileiros saudosos. Hoje, o produto ;Brasil; tem outro status; o futebol, a moda e o presidente da República ajudaram, mas nosso festival também fortaleceu a identidade brasileira lá fora;, afirma Adriana Dutra, fundadora do circuito Inffinito, que já está em nove cidades, entre elas: Nova York, Londres, Madri, Barcelona, Roma e Vancouver.

Na avaliação de cineastas que já participaram do circuito, ele realmente ajuda a formar plateias e favorece o intercâmbio de profissionais brasileiros com o mercado estrangeiro, mas a maioria é cética em relação à expectativa de grandes negócios. Apesar da boa qualidade, ainda é difícil sair da prateleira. ;É importante para criar plateia, mas não dá pra dizer que o cinema brasileiro é uma commodity cobiçada no mundo;, pondera o diretor Sérgio Rezende (Salve Geral, Lamarca). Em 2009, por exemplo, o Festival de Miami gerou 72 transações, entre coproduções, exibições e distribuições, totalizando pouco mais de US$ 1 milhão em parcerias com empresas americanas e mexicanas. Um valor pequeno comparado ao business americano, mas um avanço quando se pensa na invisibilidade que havia anteriormente.

De acordo com dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o número de coproduções internacionais cresceu muito nos últimos anos. Em 2003, faziam-se em média cinco parcerias por ano; hoje, este número saltou para mais de 30. Durante a semana dos festivais, normalmente dois dias são reservados para apresentação de filmes inéditos ou recém-lançados a distribuidores, exibidores, produtores, agentes e todo o circo cinematográfico mundial inscrito com antecedência ;na feira;. Em seguida, começam as rodadas de negociação. O chamado MarketPlace integra a programação oficial dos melhores e maiores festivais do mundo, como Cannes e Berlim. Com muito menos luz e sucesso, também o Inffinito.

Parcerias
Este ano, o circuito de mostra brasileira conseguiu abrir um novo espaço para apresentar o Brasil como parceiro de produções cinematográficas ; Londres. Fernando Meirelles (diretor do premiadíssimo Cidade de Deus e Blindness) a produtora Mariza Leão (Meu nome não é Johny), além dos sócios da LC Barreto, empresa que mais produziu filmes no país, estarão no próximo Bafta, o oscar britânico, representando o Brasil e tentando convencê-los de que nosso país pode ser um bom parceiro. Um integrante da Ancine também estará presente para contar o modus operandi do cinema no país.

Conseguir novos mercados é a missão. ;A exibição no mercado estrangeiro das home videos, da TV paga e da TV aberta é uma forma de combater a exclusão comandada pela nossa TV, que é completamente fechada para o cinema brasileiro;, critica José Joffily, diretor de Olhos azuis, filme que até por sua temática (a relação conflituada de um americano com latinos) tem grandes chances de levar o Lente de Cristal (estatueta do circuito) esta semana em Miami. ;É uma oportunidade ótima para conhecermos agentes;, destaca.

O Festival de Miami, que está ocorrendo desde 13 de agosto (vai até dia 21), apresenta 40 filmes em formato longa, média e curta metragens que têm tudo para cair no gosto dos estrangeiros, como O Bem amado, de Guel Arraes; Salve geral, de Sérgio Rezende; e Olhos azuis, de José Joffily, melhor filme no Festival de Paulínia em 2009.

ROTEIRO DO INFFINITO
O festival começa em Canudos, em março, na Bahia, vai em junho para Nova York e sobe para Vancouver (Canadá), de lá vai para Miami. Depois segue para Londres (setembro), Buenos Aires e Montevidéu (outubro), Roma (novembro), Madri (dezembro), finalizando em Barcelona (dezembro).