Napa Valley - Julia Roberts volta às telas hollywoodianas com o filme "Comer, rezar, amar", onde interpreta uma mulher que tenta encontrar seu lugar mundo, um personagem com o qual, segundo a estrela, se identificou muito.
Com 42 anos e com os cabelos escuros como os exibidos em "Uma linda mulher", Roberts ofereceu uma coletiva de imprensa em um exclusivo hotel-spa do Valle de Napa para falar sobre a biografia adaptada para o cinema e que estrerá no próximo dia 13 nos cinemas da América do Norte.
"Já havia lido o livro antes que ficasse tão popular, e quando passei das 30 páginas, pensei que era tão fantástico que fui até a Amazon.com (a livraria on-line), comprei e enviei um exemplar para minha melhor amiga em Chicago", contou a vencedora do Oscar por sua interpretação em "Erin Brockovich" (2000).
O filme é a adaptação do best seller americano no qual sua autora, Liz Gilbert, decide romper com sua vida de mulher moderna - carreira bem sucedida, casa elegante, marido - ao sentir-se perdida e confusa em relação a seus desejos pessoais no momento em que avaliava a possibilidade de ter filhos.
Ao ser indagada por que se sentia tão identificada com um personagem em crise, Roberts explicou que já passou pelo mesmo tipo de busca, mas não de uma forma tão urgente como a experimentada por Gilbert.
"Mas sabia com certeza que minha vida ia continuar evoluindo até que encontrei esse lugar para ocupar e viver, que é o lar que tenho agora", comentou Roberts em uma de suas muitas referências à família que construiu com o cinegrafista Daniel Moder, com quem teve os gêmeos Hazel y Phinnaeus, nascidos em novembro de 2004, e Henry Daniel, em junho de 2007.
Ao pensar sobre a confusão da personagem durante todo o filme - rodado em lugares tão difrentes quanto Bali, Nova York, Roma e a cidade indiana de Pataudi -, Roberts comenta que foi muito bom ter encontrado um sentido de satisfação ao comparar sua vida com a vida que encarnou na ficção.
O elenco do filme conta com atores famosos como Javier Bardem, James Franco, Richard Jenkins, Billy Crudup e Viola Davis, e tem direção do americano Ryan Murphy, criador das bem sucedidas séries de tv "Nip/Tuck" e "Glee". Entre seus produtores executivos figura Brad Pitt.
Julia Roberts ficou animada por conhecer Gilbert durante as filmagens em Roma. "Não quis conhecê-la antes porque sabia que Ryan (Murphy) e ela estavam em constante comunicação".
"Também fiquei preocupada em 'me apaixonar' por ela, e acabar querendo ser ela ao invés de interpretá-la como atriz", afirmou ainda, sorrindo abertamente.
Tanto no livro como no filme, a protagonista é surpreendida pelo amor de um brasileiro super-sensível interpretado por Bardem, que teve a oportunidade de conhecer verdadeiro Felipe, nome de sua personagem. Isso, segundo o ator, o levou a se questionar: "Por quem me chamaram? Ele é muito mais bonito e divertido do que eu".
Bardem contou à AFP que leu o livro quando lhe ofereceram o roteiro e que gostou da história.
"Acho que há passagens muito interessantes. Não acho que seja um livro apenas para mulheres, acho que é um livro para todo mundo. Para todos que tenham sofrido e tenham se decepcionado e que tenham passado momentos difíceis, pois entenderão muitas coisas desse livro", declarou.
Bardem também não poupou elogios a sua colega de elenco. "Fico encantado de ver como é uma pessoa... normal não é a palavra... trabalhadora, que trabalha muito, que é uma pessoa muito criativa, muito, muito generosa, no sentido de estar trabalhando e não estar obcecada com a forma de fazer isso, e que inclui você e quer que a coisa toda seja uma festa".
Roberts, por sua vez, confessou que ficou com um pouco de medo ao trabalhar com Bardem depois de vê-lo tão aterrorizante em "Onde os fracos não têm vez", mas que acabou descobrindo que ele é uma pessoa "encantadora e doce".
"É um cachorrinho cheio de energia", concluiu a estrela, explodindo numa gargalhada.