Programada para acontecer no início de setembro, a segunda edição da Bienal Internacional de Poesia de Brasília foi cancelada por falta de verbas. Diretor da Biblioteca Nacional e idealizador do evento, Antonio Miranda já começou a avisar os convidados, muitos deles estrangeiros, que o encontro não acontecerá este ano. Realizada pela primeira vez em 2008, a Bienal reuniu mais de 100 poetas do Brasil e do mundo em sessões de leituras, debates, oficinas, mostras de cinema, palestras e até espetáculos teatrais. Miranda já contava com 80 convidados confirmados para a segunda edição, mas precisou cancelar a bienal por falta de patrocínio.
Na edição de 2008, o diretor conseguiu captar os R$ 2 milhões necessários para o encontro de quatro dias. Este ano, no entanto, Miranda não chegou nem perto de 10% dos R$ 1,95 milhão aprovados pelo Ministério da Cultura para captação via Lei Rouanet. Segundo o diretor, a Petrobras havia incluído o recurso na programação de orçamento, mas um contingenciamento inviabilizou o patrocínio e a empresa liberou apenas R$ 150 mil. ;Com esse dinheiro não dá para fazer. Na edição passada, eles colocaram na programação de recursos que pedimos e aprovaram antes de sair a Lei Rouanet. Este ano a lei demorou para sair e, na última hora, eles disseram que todo o dinheiro da Petrobras estava contingenciado;, lamenta Miranda, que também contava com R$ 15 mil do Fundo de Amparo à Pesquisa do Governo do Distrito Federal. ;Foi o único recurso do GDF que conseguimos.;
A assessoria da Petrobras nega ter se comprometido com o valor total do evento. ;O patrocínio da Petrobras à Bienal de Poesia de Brasília foi aprovado no valor de R$ 150 mil, o mesmo valor do patrocínio ao evento no ano passado;, destaca a empresa.
Em 2008, além do encontro entre público e poetas, a bienal também realizou concurso de poesia infantil e publicou cinco livros com poemas dos convidados e das crianças premiadas. ;Este ano tinham mais de 20 meninos de todo o Brasil para o concurso de poesia, crianças do país inteiro estão mandando poemas;, diz Miranda. ;Além disso as embaixadas já haviam se comprometido em trazer autores de todos os países.;
O poeta e escritor Alexandre Marino participou do evento há dois anos e era um dos convidados da segunda edição. Ele seria responsável por ciceronear poetas estrangeiros nos debates da Biblioteca Nacional. ;É uma coisa lamentável porque a bienal de 2008 movimentou a cidade, a área de cultura e literatura. Este ano faria isso de forma melhor;, acredita Marino. ;O Antônio Miranda é um Quixote. Ele vai fazendo as coisas e, mesmo que não consiga, batalha e vai atrás. A crise no Governo do DF prejudicou muito, apesar das dificuldades inerentes ao evento. E depois a Petrobras retirou o patrocínio.; Este ano o tema da bienal seriam os 50 anos de Brasília. Miranda havia programado uma homenagem a Ferreira Gullar, primeiro secretário de Cultura da cidade, e sessões de debates sobre a integração entre arte e arquitetura.
Planejado para acontecer dentro da programação da bienal, o Simpósio de Crítica e Poesia, organizado pela Universidade de Brasília (UnB), não foi cancelado. ;Vamos manter porque a gente garante recursos da própria UnB. Está marcado para 8 de novembro;, avisa a professora Silvia Cyntrão, coordenadora do simpósio, que este ano homenageia o compositor Oswaldo Montenegro. ;É lamentável o cancelamento porque a primeira bienal foi um sucesso e esta falaria de Brasília. A cidade fica mais pobre.;