Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Quarta Aldeia multiétnica do 10º Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros atrai pessoas do país inteiro

No primeiro fim de semana do 10; Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros, na Vila de São Jorge, município de Alto Paraíso (GO), a aldeia multiétnica da Aldeia da Lua recebe nove etnias indígenas do Brasil para participarem do evento que trata não só de cultura, mas também de discussões sobre saúde e meio ambiente. Até 31 de julho, São Jorge é anfitriã de pessoas do Brasil inteiro interessadas no caldeirão cultural e nas belezas de cachoeiras que o cerrado oferece. Com realização do Ministério da Cultura e apoiadores, a Chapada dos Veadeiros vira palco para uma abertura de discussão de políticas públicas para a melhoria das comunidades indígenas.

O encontro de 15 dias se divide em duas etapas, a primeira semana é na Aldeia da Lua, em que comunidades indígenas e nãoíndios convivem com as etnias instaladas na mata ou em barracas. Dança, oficinas e palestras fazem parte da programação da festa. Estse ano, além da visibilidade de outras culturas, o encontro apresenta formas de tratamento do lixo, como o processo de compostagem, a saúde da mulher, além da inserção do índio e dinâmicas de ideias que contribuem no desenvolvimento social das comunidades.

Krahô (TO), Kayapó (PA), Yawalapiti (MT), Fulni-ô (PE), Cariri-Xocó (AL), Dessana (AM), Caxinawá (AC), Guarani-Kaiwá (RS) e Pareci (MT) incrementam e apresentam suas culturas, modos de vida, artesanatos, músicas, pinturas e danças. Genipapo com carvão e urucum são os ingredientes para as tintas que pintam os corpos dos índios e dos convidados.

No último sábado, cada etnia fez um ritual de dança e logo após um representante do grupo falou sobre o que a dança e a letra da música significavam. Na aldeia multiétinca, cada dia será comandado por uma etnia diferente e as outras irão incorporar os seus hábitos e ajudar nas tarefas do dia a dia. Cada povo fala a própria língua. As crianças aprendem português nas aldeias, mas conversam entre si utilizando o próprio idioma.

Patrimônio
O encontro vem crescendo a cada ano e atraindo mais pessoas que se tornam fiéis à celebração. São interessados de vários estados, países e idades que vêm para prestigiar a festa. Para a missionária italiana Giovanna Radice, que mora em Aparecida de Goiânia, e está de férias, o encontro é uma oportunidade para aproveitar as cachoeiras e diz estar maravilhada com as cores da festa. ;Procuro também momentos culturais, quero ficar até o dia 23. São Jorge ainda tem muitas coisas a oferecer;, declara Giovanna. De acordo com o organizador do evento Juliano Basso, é importante incorporar o patrimônio cultural indígena na sociedade. Os índios têm hábitos de decisão em grupo e são muito organizados. ;Os povos indígenas são diferentes entre si, mas apenas culturalmente, o que queremos mostrar é que todos somos iguais;, completa Basso.

A partir de sexta-feira, os povos indígenas passam a liderança do evento para os kalungas ;comunidades de quilombolas, da cidade de Calvalcante (GO), que darão continuidade à festa na Vila de São Jorge. O encontro prossegue com shows de artistas de todo o Brasil. Nesta edição da festa, a rua central da cidade ficará fechada para carros, dando passagem livre para os pedestres. A vila de São Jorge fica a cerca de 280km de Brasília e apresenta um cenário de natureza exuberante misturado com misticismo e jeito de cidade de interior. O encerramento do encontro será em 31 de julho, na praça central da cidade.


10; ENCONTRO DE CULTURAS DA CHAPADA DOS VEADEIROS
Até 31 de julho, na Vila de São Jorge. Entrada franca. Confira a programação completa no site www.encontrodeculturas.com.br. Classificação indicativa livre.