Nova York ; Ela detesta alho, bebe sangue duas ou três vezes por mês e garante que morreu num acidente de trem em 1892: a modelo e atriz, Seregon O;Dalley é uma vampiresa de Nova York assumida.
E não é a única. A moda dos vampiros cresce cada vez mais nos Estados Unidos alimentada por séries televisivas como "True Blood" e "Vampires diaries" e os livros e filmes da saga "Crepúsculo" (Twilight).
O fenômeno está virando quase uma religião, com seus dogmas, seus ministros, suas reuniões secretas e suas festas. E é uma mina de ouro para as editoras e a indústria do entretenimento.
O próximo baile está previsto para a Filadélfia (Pensilvânia, nordeste), em 31 de julho, e foi convocado por Patrick Rogers, que organiza três ou quatro por ano e espera a presença de centenas de candidatos a vampiro.
Essa espécie de seita tem cada vez mais adeptos, adolescentes fanáticos de Stephenie Meyer, a autora de "Crepúsculo".
Mas também há muitos adultos convertidos à causa através de Ann Rice, a escritora que fez sucesso em 1976 ao falar de um vampiro adulto moderno e despojado de suas origens europeias no livro "Entrevista com o Vampiro", uma espécie de sucessor do Conde Drácula, o famoso morto-vivo oriundo da Transilvânia (Romênia) e condenado por Bram Stoker no final do século XIX a errar eternamente sedento de sangue.
Os vampiros se encontram em reuniões estruturadas em hierarquias secretas, lugares sigilosos e curso especializados. "Nós nos reunimos para falar da nossa situação", explica Seregon O;Dalley, entrevistada em sua residência em Nova Jérsey (oeste de Nova York), um apartamento com cortinas escuras - já que os vampiros não suportam a luz do dia - e decorado com gárgulas e morcegos, que protegem o lugar. "Mas já não mordemos pescoços, agora tudo é na base do consenso", assegura.
"Os vampiros me fascinam desde a infância", conta Joaquín Latina, que diz ter 2.744 anos, mas cujo passaporte registra apenas 35. Não apenas devorou toda a literatura existente sobre o tema, como também não perde nenhum episódio de "True Blood", que, como a maioria dos adultos, considera uma abordagem superior a "Crepúsculo".
";Twilight; é destinado a adolescentes em crise", afirma Seregon O;Dalley.
"Os vampiros não são monstros, são pessoas imortais mais belas que o indivíduo comum", assinala Joaquín Latina. "Representam um ideal obscuro e elegante da humanidade", acrescenta.
No entanto, acha que a vida se complicou para os vampiros desde que o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, limpou a cidade de seus delinquentes, prostitutas e outras criaturas que tornavam a cidade perigosa, mas fascinante. "Nova York virou uma cidade muito tranquila e segura", lamenta.
"A cultura ;vampiro; está instalada há muito tempo", opina Robert Thomson, sociólogo e professor de cultura contemporânea da Universidade de Syracuse (norte de Nova York). "É uma imagem ao mesmo tempo obscura e atraente, muito erótica, os vampiros são belos, ao contrário dos monstros, têm poderes, e tudo isso os distingue dos demais como uma comunidade misteriosa e superior", explica.
Antes de ir à festa na Filadélfia, os vampiros podem conseguir a roupa adequada na butique "Vampire Freaks", no East Vilage, e fazer seus dentes caninos de resina na "Tom", por 138 dólares.
Os interessados também podem optar por um "tour" no Central Park com um guia que se intitula "John Seward", de 155 anos e médico de uma clínica psiquiátrica de "Drácula". "Seward" calcula entre 4.000 e 5.000 a quantidade de vampiros em Nova York e mostra aos turistas os túneis e cemitérios de onde surgem ao cair da noite.