Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Bares e restaurantes da cidade investem em cervejas, vinhos e espumantes próprios

As bebidas são elaboradas especialmente para agradar os clientes

No mundo da gastronomia, uma palavra pode mudar qualquer cardápio: exclusivo. Para os bares e restaurantes de Brasília, não basta criar entradas, pratos e sobremesas únicas, é preciso ser criativo também na hora de servir a bebida. Por isso, a moda é investir em rótulos de vinhos, cervejas e espumantes feitos com exclusividade para as casas. Alguns são feitos por produtores nacionais, enquanto outros atravessam o Oceano Atlântico para chegar até aqui. Todos, porém, são frutos de receitas especiais. Para os apreciadores, só resta experimentar as novidades e escolher os favoritos.

Para um bar tão tradicional na capital federal como o Beirute, nada melhor que uma cerveja com produção quase artesanal. A Beira Beer foi criada depois de um ano de pesquisa e conversa entre os donos e o mestre cervejeiro de uma fábrica localizada em Trindade, no interior de Goiás. ;Queríamos uma cerveja que seguisse o padrão do mercado, por isso escolhemos a pilsen, porque todo mundo gosta. Mas precisávamos de um receita exclusiva, com malte e lúpulo de qualidade, e feita como antigamente: produção pequena e lenta;, conta Francisco Emílio Marinho, que divide a administração do bar com o pai, Francisco, o tio e os primos.

Antes da Beira Beer chegar ao freezer do Beirute, foram feitos vários testes cegos com os clientes e produzidas quatro versões diferentes até chegar ao produto final, em dezembro do ano passado. ;Foi um longo caminho até chegar a uma receita bem equilibrada. Queríamos uma cerveja saborosa, sem ser muito amarga nem muito aguada;, afirma Marinho. De acordo com o proprietário, a receptividade dos frequentadores do bar foi além das expectativas. ;Tem muita gente levando para casa. Na Copa do Mundo, fizemos um kit com petiscos e foi um sucesso;, diz o sócio, garantindo que a cerveja é servida no ;padrão Beirute;, gelada a qualquer hora do dia.

Quem gosta de curtir o almoço ou a balada noturna do Calaf também pode degustar um rótulo de cerveja exclusivo, batizado com o mesmo nome da casa. O chef e proprietário Venceslau Calaf lançou a bebida em dezembro de 2008, depois de passar anos em busca de uma alternativa para o mercado dominado pelas grandes marcas. ;Eles criaram um monopólio e o atendimento ficou muito complicado. Então comecei a procurar alguém que fabricasse uma cerveja para mim. Encontrei uma perto de Goiânia e me encantei com a qualidade;, conta o cozinheiro. O produtor é o mesmo que atende o Beirute, mas as fórmulas são diferentes.

A ideia de criar um rótulo próprio tem um objetivo bem simples: agradar ao cliente. ;Eu não tenho ambição de crescer muito, o que eu quero é vender um produto bom e de qualidade para o meu público. E com uma produção pequena é possível fazer isso;, resume Calaf. A casa também tem chope próprio e as garrafas podem ser encontradas nas prateleiras de um supermercado e em dois restaurantes de Brasília: Lagash e Esquina Mineira.

Importação
Para os enófilos, nada melhor do que experimentar novos rótulos. Dono de uma das adegas mais variadas de Brasília, o restaurante Dom Francisco resolveu investir na própria marca em parceira com a vinícola da Espanha Marqués de Tomares. ;Como a casa conhece muitos produtores, a ideia é ligar nossa marca a um bom vinho europeu com preço acessível. A associação ao nosso nome serve como um carimbo de qualidade;, diz Edson Monteschio, um dos sócios do restaurante. Um atraso no design dos rótulos adiou o lançamento do vinho, mas Monteschio garante que as garrafas devem fazer parte da adega dos restaurantes em agosto.

A parceria foi concretizada depois de um encontro com o presidente da vinícola para uma harmonização. O vinho envelheceu por 12 meses em barris de carvalho na famosa região espanhola Rioja. Todas as garrafas serão numeradas de 01 a 6000 e o cliente poderá saber qual número estará degustando. ;Vale a pena ter um rótulo com a cara da sua casa. Os clientes vão perceber que é um produto de qualidade que tem o respaldo de uma grande vinícola;, diz o empresário.

Outra casa que investiu no vinho foi o Bier Fass. Para aproveitar o inverno e o verão à beira do Lago Paranoá, o restaurante resolveu lançar um tinho com uva cabernet sauvignon e um espumante com chardonnay e pinot noir. ;Ter um rótulo próprio é uma forma de promover a nossa casa. Escolhemos a melhor safra com um bom custo benefício. Para o cliente é bom saber que ele vai consumir um produto indicado pelo restaurante que ele escolheu;, analisa Ivone Carvalho, proprietária da casa.

Já a chef Mara Alcamin resolveu apostar em um espumante. ;Para começar, é uma bebida que eu adoro, uma das mais pedidas nas minhas casas. Como as safras nacionais são ótimas, resolvemos investir em um bom exemplo com um preço mais acessível;, conta a dona de diversas casas na cidade. Há três anos, ela desenvolveu com a vinícola brasileira Don Giovanni, de Bento Gonçalves (RS), um espumante com 75% de concentração da uva chardonnay e mais 25% de pinot noir para ser vendido no Universal Dinner. Agora o Zuu também está com uma safra especial da vinícola. ;Foi feito com a melhor colheita de uva que eles tiveram nos últimos cinco anos;, garante Mara.