Durante o 20; Cine Ceará, a produtora Estação Luz, dedicada a filmes espíritas promoveu uma coletiva dos filmes As mães de Chico Xavier e Área Q, ambos produzidos no Ceará e que se encontram em fase de finalização. O ator Nelson Xavier volta a viver o papel do médium mineiro, porém, segundo os produtores a história não é focada na vida do mestre espírita, cuja figura é ainda muito popular no Brasil. E sim sobre várias mães que tiveram contato com Chico por meio de cartas de seus filhos psicografadas por Xavier.
Sobre o fato de voltar a viver o papel do médium (a primeira vez foi em Chico Xavier, de Daniel Filho), o ator respondeu: "Minha primeira reação foi de recusa. Fiquei cheio de escrúpulos por viver o personagem novamente. Não fui eu que fiz o Chico, o Chico é que me fez." Já Área Q, de Haulder Gomes é uma ficção científica sobre uma suposta aparição de ovnis na região próxima às cidades de Quixeramobim e Quixadá, no mesmo estado. "A inovação dessa produção é justamente fazermos uma história Sci-fi no Ceará", qualificou Gomes.
Memórias do muro
Recostado numa poltrona da cobertura do hotel, o cineasta alemão Stefan Weinert explicava a origem do título de seu documentário Contra o muro. "Durante a guerra fria, prisioneiros da Alemanha eram levados das sessões de tortura para suas celas. Se porventura, outro prisioneiro estivesse sendo conduzido ao mesmo tempo no corredor, a ordem era para que um dos torturados olhasse para o muro para não descobrir a identidade do outro preso", relatou em perfeito espanhol, adquirido pela estada de cinco anos em Barcelona.
No longa exibido na mostra paralela Memórias do Muro (dedicada ao cinema alemão), Weinert entrevistou cidadãos traumatizados pelas lembranças do antigo regime soviético que imperava na Alemanha Oriental (território formado pela repartição do país após o término da Segunda Guerra Mundial) e que só foi extinto simbolicamente com a queda do Muro de Berlim, em 1989. "Os alemães têm dificuldades para falar sobre o assunto. Resiste um medo no ar até hoje eu não entendo o por quê", afirma Weinert, 46 anos, que nasceu na Alemanha Ocidental. Eis um tema ainda pouco explorado pelo cinema, mesmo o alemão.