Num crescente, que lembra uma de bola de neve, os números de investimentos e dos resultados alcançados nas bilheterias atestam o fenômeno: A saga Crepúsculo chega ao terceiro exemplar (Eclipse), com orçamento na ordem de US$ 65 milhões e estreia, simultânea, hoje, em 25 países que projetam aumento na já polpuda legião de fãs, capazes de totalizar uma renda de US$ 709 milhões para o título anterior, Lua nova. Adaptado do lampejo de criação da ex-dona de casa Stephenie Meyer, que, numa compulsão de seis meses (há cinco anos), redigiu Crepúsculo - mais tarde desembocado numa tetralogia que já vendeu 100 milhões de exemplares -, a série cinematográfica, em apenas dois títulos, já ultrapassou US$ 1,1 bilhão em ingressos vendidos.
Além do orçamento calibrado, A saga Crepúsculo: Eclipse promete ser mais dinâmica, com a ação destacada, colocando frente a frente os vampiros diurnos e a gangue de marmanjos descamisados transformada em alcateia. Com maior participação da autora Stephenie Meyer no roteiro assinado por Melissa Rosenberg (associada à bem-sucedida telessérie Dexter), o tom menos luminoso deve insuflar o zero a zero (até agora) entre o pálido galã
Edward Cullen (Robert Pattinson) e a resignada mocinha Bella Swan (Kristen Stewart), essa cortejada ainda pelo bestial rapaz Jacob Black (Taylor Lautner), um lobisomem que, pelo visto, deixará de colocar o rabinho entre as pernas quando o assunto for amor.
Desenvolvida para recobrir um mês na vida do trio central, a trama que tem como cenários não apenas a pequena Forks (Washinghton), mas ainda Seattle, vai remexer no passado de personagens, por enquanto subaproveitados como Jasper (Jackson Rathbone) e Rosalie (Nikki Reed). Mais detalhes sobre as origens da tribo Quileute, igualmente, foram anunciados. O sobrenatural vai se espraiar com mais intensidade no filme, desta vez, comandado por David Slade (Menina má.com e 30 dias de noite).
Mordidas
Protagonista de mais um texto assinando por Stephenie Meyer, A breve segunda vida de Bree Tanner, a personagem Bree (Jodelle Ferland), ao lado do novato Riley (Xavier Samuel), agredido por uma silhueta enfurecida em Seattle, vai se provar um joguete perfeito para o elitizado clã dos Volturi, bastante atento à predisposição, mais precisamente, ânsia, de Bella levar a mordida do pouco ardente Edward que a levará para a eternidade.
Repleto de intrincados jogos de poder (ficam mais claros os interesses das fantasiosas facções de monstros infiltrados em Forks), que ameaçam os planos de o casal Bella e Edward ingressar numa faculdade do Alasca, A saga Crepúsculo: Eclipse ficará mais movimentada com a proliferação dos recém-nascidos, um grupo de imberbes vampiros ainda inconsciente do domínio dos poderes e também do potencial de estragos que poderão causar no âmago da polida família Cullen, dada ao restritivo consumo de sangue animal. Na base do despreparo, a vingança pretendida por Victoria (Bryce Dallas Howard) vai deflagrar uma guerra de tal amplitude, que obrigará a trégua entre os arquiinimigos dentuços e a mortífera matilha que se esconde na floresta. Até o possessivo Edward demonstrará um quinhão de respeito pelo outro pretendente de Bella, Jacob, gerando uma espécie de temporária admiração mútua.
Sucessos de público
Crepúsculo
Investimento - US$ 37 milhões
Renda - US$ 408 milhões (metade dela nos EUA)
A saga Crepúsculo: Lua nova
Investimento - US$ 50 milhões
Renda - US$ 709 milhões.
Crepúsculo (2008), de Catherine Hardwicke
» Depois de uma primeira aula de biologia em que afloram os hormônios da forasteira Bella e do vampiresco Edward Cullens, ele alega "razões pessoais" para um sumiço que, na verdade, se explica por tentar disfarçar a necessidade hematófaga. Mas a revelação é inevitável, já que, exposto ao sol, o galã - de 109 anos e admirador de Debussy - vira purpurina. Que ninguém, porém, duvide da brabeza dele, que é capaz de afundar a porta de um carro, com os punhos de um incrível Hulk. Com direito a trechos explicativos demais, que atravancam o fluxo da narrativa, o romance entre o casal se firma, asséptico, frente ao pai de Bella, Charlie, o xerife da interiorana Forks. A tímida entrada de Jacob na trama se dá à sombra de uma série de ataques de animais na região. Entrosada até no baseball com a funesta família do vampiro, Bella é alertada por um amigo: "Edward olha como se você fosse algo comestível".
A saga Crepúsculo: Lua nova (2009), de Chris Weitz
» Como deixou claro, no começo de Crepúsculo, Bella é aquela que "sofre em silêncio". Se chega a ouvir um "você não serve para mim" do amado Edward, depois de abandonada, passa a ser aturdida pelas aparições do vampiro que não tira da cabeça. Os pesadelos recorrentes e a fragilidade, aparentes depois de uma desastrosa festa de aniversário, começam a desmoronar quando ela se desapega de Edward e se atira, com reservas, para a concorrência. Na fila, que pode andar, o lobisboy Jacob bem que alerta: "Eu não sou bom". Nos diálogos capengas - que fazem par, em gosto duvidoso, com as gráficas transformações abruptas dos monstros da trama -, Bella dispara: "Você (Jake) é o seu próprio sol". Com uma proposta de casamento, ao fim, Lua nova tem o clima de conto de fadas acentuado pela avalanche de capuzes vermelhos (com um quê de Chapeuzinho Vermelho) nas cenas italianas que apresentam o dissimulado clã Volturi. Nada sutil, um exemplar de Romeu e Julieta é enquadrado em cena, jogado em cima de uma cama. Há quem tenha fôlego para suspirar.