postado em 24/06/2010 07:00
Jacko, a celebridade excêntrica, saiu de cena. Mas Michael Jackson, o artista, não abandonou a ribalta. Continua a inspirar os fãs com os passos flutuantes do ;moonwalk;, os sucessos inesquecíveis das rádios, os videoclipes inovadores e a eterna voz de menino, que transporta o público para as tardes inocentes ao som de Jackson 5. A quantidade de homenagens programadas para amanhã, quando se completa um ano de morte do cantor, é a maior prova da resistência de Michael no imaginário do público. Desde 25 de junho de 2009, quando foi vencido por uma parada cardíaca, o ídolo misterioso livrou-se das controvérsias e renasceu ; na forma de mito.
A cerimônia oficial, com o aval da família Jackson, será realizada no hotel Beverly Hilton, em Beverly Hills. No Facebook, os internautas estão prontos para acender ;velas virtuais; em homenagem ao o rei. Mas, em todo o planeta, os súditos se manifestam nos palcos para celebrar os momentos mais felizes de uma carreira que, como poucas, aceita ser chamada de espetacular. Brasília não se ausentou dessa corrente. Um grupo expressivo de artistas da cidade se mobilizou para um tributo que, no UK Brasil Pub, às 22h, reúne música, poesia, dança e mímica. O nome é apropriado: I;ll be there.
;Michael engrandecia tudo o que fazia, da música aos videoclipes. É um exemplo para nós, artistas;, observa Célia Porto, que organizou o encontro. Fã do músico desde os tempos de Thriller (1982), a cantora lembra a época em que, na adolescência, ajudava a preparar festivais de dança no Guará aquecidos pelos hits do astro da black music. ;As pessoas vestiam as roupas de Michael, dançavam nas ruas. Era uma febre;, conta. ;Ele fez parte da vida musical de todo mundo. Passou por várias gerações, dos anos 1960 ao século 21;, explica. A amizade perdurou.
Em um primeiro momento, Célia pretendia gravar uma música como símbolo para a vigília. Mas, atenta às movimentações da rede virtual do músico, ela foi à luta: durante o projeto Brasília Outros 50, no aniversário da cidade, agregou um time ;jacksonmaníacos; que conta com a adesão da cantora Georgia W. Alô, o mímico Miquéias Paz, os poetas do grupo Radicais Livres e o ;sósia; David Reis, vocalista da Jacksons Live Cover Band. ;É um tributo amoroso, sem pretensões monumentais;, explica o maestro Rênio Quintas, que interpreta ao violão ; com Célia Porto e o cineasta André Luiz Oliveira, na cítara ; a canção Music and me.
[SAIBAMAIS]
Para Rênio e André Luiz, Michael Jackson é uma referência cultural, uma personalidade massacrada pela sociedade de consumo. Eles o admiram. Já no caso de fãs como os intérpretes Georgia W. Alô e David Reis, além de Miquéias, a relação com o ídolo se torna mais passional. ;É como se ele fizesse parte da minha família;, compara Georgia. ;Michael esteve presente em muitos momentos da minha vida. Quando ele começou a carreira solo, passei a colecionar absolutamente todas as reportagens que saíam sobre ele. Eu tinha quilos e quilos de pastas, além de pôsteres nas paredes do meu quarto;, conta. Miquéias é outro que não ameniza o entusiasmo. ;Ele escreveu a trilha sonora da minha vida. A morte de Michael doeu muito. É como se a minha história também estivesse desaparecendo;, observa.
Mas, nesse clube de tietes, ninguém encarna o rei com tanta intimidade quanto David Reis. No palco, veste jaqueta vermelha, luvas brancas e mocassim. À frente da Jacksons Live Cover Band, ele canta e dança os hits de uma fase que vai do fim dos anos 1970 (época do álbum Off the wall, o primeiro da fase adulta de Michael) ao início dos 1990 (Dangerous, o último grande sucesso do cantor). O curioso é que a banda-tributo foi formada há apenas dois meses. Antes, há três anos, David atuava sozinho como cover, fazendo coreografias em festas, casamentos. ;Ele tem tanta música boa que, se fosse possível, ficaríamos tocando a madrugada toda;, comenta. Formado em música pela Universidade de Brasília (UnB), o fã aprendeu a valorizar o tino de Michael para a produção e composição. ;É um artista completo, genial;, resume. E que os escândalos descansem em paz.
FÃ-CLUBE FAZ O "ESQUENTA"
Pouco antes do show brasiliense em homenagem a Michael Jackson, integrantes do fã-clube brasiliense se reúnem no estacionamento do Taguapark (Pistão Norte, Taguatinga), às 20h de amanhã. Nada de apresentações musicais ou performances: o objetivo do encontro é lembrar o ídolo. ;Vai ser uma corrente positiva;, resume Geisa da Silva Nascimento, 24 anos, vice-presidente do grupo. O fã-clube começou a ser formado logo após a morte de Michael e hoje conta com cerca de 60 membros. ;A música de Michael Jackson jamais vai ser esquecida. A herança dele é o trabalho. Isso é impagável;, comenta.
Saudades do ídolo
;O que me fascina é a forma como Michael Jackson usava o corpo para fazer música. Era um artista genial, que marcou a vida de todo mundo;
Célia Porto, cantora
;Michael Jackson sempre me influenciou, desde pequena. Quando cresci, continuou me inspirando e sendo referência para o meu trabalho musical e para minhas performances no palco;
Georgia W. Alô, cantora
;Ele era um artista que se preocupava mais com as outras pessoas do que com ele próprio. Fez campanhas para pessoas carentes, como o USA for Africa. Sempre mostrou um carinho enorme pelo ser humano;
David Reis, vocalista da Jacksons Live Cover Band
;Michael Jackson influenciou todos os estilos musicais, não apenas o pop. Ele inovou nas melodias e harmonias, mas também mudou a forma como o público encarava a música pop. Ele ensinou o mundo a fazer videoclipes;
Flávio Fonseca, violonista da banda Takto
;O talento é o grande legado de Michael Jackson. Mas, além disso, era notório como ele trabalhava duro para desenvolver todo aquele potencial, sempre com muito cuidado;
Miquéias Paz, mímico
;Michael deixou grandes músicas e o lembrete de que a nossa sociedade é intolerante. O lado ruim da sociedade americana praticamente o levou ao suicídio;
André Luiz Oliveira, cineasta e músico
;Michael Jackson foi cruelmente sacrificado. A arte ficou em segundo plano por causa do sucesso que ele alcançou. Isso marcou muita gente. Mas é como se ele ainda estivesse vivo;
Rênio Quintas, maestro
I;LL BE THERE ; TRIBUTO A MICHAEL JACKSON
Amanhã, às 22h, no UK Brasil Pub (411 Sul). Show em homenagem a Michael Jackson, com participações de Ana Luísa Quintas, Célia Porto, Rênio Quintas, André Luiz de Oliveira, Banda Takto, Miquéias Paz , Gog, Georgia W. Alô & Contra Banda, André 14 Voltas, Radicais Livres, Clausem Bonifácio (Bossa Funk), Angel, Gabriela de Andrade e Jacksons Live Cover Band. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia, com doação de 1kg de alimento) e R$ 15 (antecipado, pelos telefones 8123-9384/8445-7099/9973-3072). Não recomendado para menores de 18 anos.
US$ 250 milhões - Valor do contrato assinado entre a família e a Sony Music até 2017
US$ 500 milhões - Valor estimado da herança do Rei do Pop
31 milhões - Número de CDs vendidos por Michael no mundo inteiro em 2009