Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Ruy Godinho lança uma coletânea de histórias sobre os bastidores da MPB

Buarque, Francis Hime revelou a Ruy Godinho como foi processo de criação desse clássico da MPB, imortalizado na voz de Elis Regina. ;Houve uma festinha na casa do meu sogro, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e eu fiquei tocando o piano. A festinha estava cheia de convidados, com umas 40 pessoas em volta do piano. E todo mundo ficava reclamando que eu tocava a mesma música o tempo todo. O Chico (Buarque), que estava presente, pegou papel e lápis e começou a esboçar a letra de Atrás da porta, mas foi até a metade;Um dia liga o Chico do Brasil (Francis estava nos Estados Unidos) à meia-noite e diz: ;Acabei a letra e não encontro ninguém aqui para mostrar. Resolvi ligar para você;;;

Esta é uma das 62 histórias que Ruy Godinho conta no livro Então foi assim? ; Os bastidores da criação musical brasileira (Volume II) que será lançado hoje e amanhã, às 20h, no Teatro da Caixa. A obra é resultado de pesquisa iniciada em 1997, quando o autor produzia o programa Estação Brasil, na Rádio Cultura. ;Em 2006, quase 10 depois, com acervo de 200 músicas pesquisadas, comecei a escrever o Volume I, que traz 80 histórias. Após o lançamento, em 2008, muita gente que havia lido o livro, começou a cobrar: ;E o volume dois? E o volume dois?;;, lembra, prazerosamente.

Godinho, então, percebeu que havia ;criado um monstrinho;, e que teria de largar quase tudo para cuidar dele, deixando muita coisa para trás. ;Sumi da noite, dos bares, dos shows, dos encontros com amigos, para elaborar o Volume II, geralmente entre meia-noite e seis da manhã, nos fins de semana e feriados. Foram dezenas de entrevistas com compositores em diversas cidades, dezenas de livros consultados, dezenas de sites visitados, para conseguir reunir mas 62 boas histórias;, revela, aliviado.

Tempero

Criteriosamente, o produtor multimídia, pesquisador e divulgador da MPB, explica: ;Todas as histórias e as músicas deste volume foram as que a pesquisa alcançou. Não são histórias minhas, são dos compositores. Se existe mérito do escritor é o de recontá-las, adicionando detalhes e o tempero que torna o livro, de alguma forma didático e, sem falsa modéstia, saboroso;.

Feitio de oração (Vadico e Noel Rosa), Corra e olhe o céu (Cartola e Dalmo Castelo), A voz do morto (Caetano Veloso), Canção da despedida (Geraldo Vandré e Geraldo Azevedo), Sonho meu (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho), As apareências enganam (Tunai e Milton Nascimento), De volta pra aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel), Vela no breu (Paulinho da Viola e Sérgio Natureza) e Festa do intrerior (Moraes Moreia e Abel Silva). Essas são algumas das músicas sobre as quais Godinho se debruçou para extrair as histórias contadas no Então, foi assim?

Show e convidados

O lançamento de Então, foi assim? será com um show, que terá Ruy Godinho como mestre-de-cerimônia. Os convidados dele são compositores/cantores também focalizados no livro. Tavito cantará Rua Ramalhete, Celso Viáfora (Não vou sair) só hoje, Clodo Ferreira (Revelação). Haverá, ainda, a participação de Sandra Duailibe (Atás da porta/ (Francis Hime e Chico Buarque), Ellen Oléria (Brasil/George Israel, Nilo Romero e Cazuza), Leonel Laterza (Certas canções/ Tunai e Miltin Nascimento), Mirla Muniz (Festa do interior/Moraes Moreira e Abel Silva) e Nilson Lima (Um dia, um adeus/Guilherme Arantes). Eles vão ser acompanhados pela banda formada por José cabrera (piano, arranjos e direção musical), Alberto Salles (violão e guitarra), Oswaldo Amorim (contrabaixo) e Leander Motta (bateria). Ao final, o autor vai autografar a obra.

Então, foi assim?
Livro de Ruy Godinho, com 307 páginas, uma realização da AbraVídeo. Lançamento terça e quarta, às 20h, no Teatro da Caixa (Setor Bancário Norte). Preço R$ 25. Ingresso: R$ 20. Classificação indicativa livre.