Do jeito que a coisa anda, o cineasta brasiliense Iberê Carvalho, 34 anos, terá de aumentar a estante de casa. Seu último curta-metragem Para pedir perdão acabou de levar o prêmio principal do 4; Festival Hayah, no Panamá, encerrado no último domingo. Este não é o primeiro prêmio em festivais latino-americanos que o curta (curiosamente deixado de fora da mostra competitiva em 35mm do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro do ano retrasado), recebe. Ele já contabiliza o prêmio de melhor curta 31; Festival del Nuevo Cine Latino Americano de Havana, em Cuba. Além de uma participação na mostra oficial do 28; Festival Internacional de Cine del Uruguay.
O que tem encantado os júris hispano-americanos na história de uma tragédia amorosa sofrida durante um triste carnaval chuvoso? ;Comecei a questionar isso. Será que o filme é melodramático? Existiam algumas referências de melodrama. Mas pode ser preconceituoso associar o melodrama como sendo coisa de latinos. Acho que o que sobressai é a questão do amor, da perda, da tragédia. Acho que o amor apresentado de uma forma trágica tem surpreendido nossos hermanos;, ponderou o cineasta.
Apesar de ser um digno realizador formado na era digital, o diretor não tem dispensado boas formas atersanais de fazer cinema. ;Eu adoro a engrenagem de set e odeio ilha. Adoro montagem, mas o processo do diretor que não está montando ficar assistindo alguém fazendo o trabalho é muito chato. Sair da filmagem com as coisas prontas é mais engenhoso;, explica Carvalho. Em PPP (sigla do nome do filme), a direção de arte liderada por Maíra Carvalho (irmã do cineasta) precisou construir réplicas de um cenário real de apartamento no meio da rua para que fosse possível criar transições temporais na narrativa da história de amor entre Pedro (Vinícius Ferreira) e Elisa (Fernanda Rocha).
Em 2003, Carvalho ganhou o prêmio de melhor filme em 16mm,com o curta Suicídio cidadão. Mais tarde, em 2005, concluiu mestrado em cinema na Universidad San Pablo, em Madri, onde realizou o curta que também versa sobre o amor, Volver atrás (2005). De volta ao Brasil, dirigiu, em parceria com a atriz e diretora Catarina Accioly, o curta Entre cores e navalhas. Seu mais novo filme, Procura-se encontra-se em fase de finalização.