Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Marafreboi lança, no Clube do Choro, CD que mergulha na sonoridade pernambucana

A Orquestra Popular Marafreboi só podia ter nascido em Brasília. Os 15 integrantes são oriundos de cinco estados brasileiros e do Distrito Federal. Tem até baiano no naipe de sopros. A confluência de culturas, traço fundamental da formação da capital, se dá em torno da vigorosa sonoridade que ecoa das manifestações tradicionais de Pernambuco. O nome do grupo já diz tudo. É a aparente fusão de maracatu, frevo, boi. Mas tem mais. Traz em si o aboio, o coco, o caboclinho, a ciranda, o cavalo marinho e o baião. Esse Nordeste pulsante salta sofisticado hoje, às 21h, no Clube do Choro. É uma noite de gala para esses instrumentistas. Eles lançam o álbum Orquestra Popular Marafreboi, com participação do cantor Claudionor Germano, nome histórico do frevo. É a única faixa cantada do disco, numa canção inédita de Dinaldo Domingues (Recife, frevo-canção), conta o maestro Fabiano. Quem comanda os músicos é o maestro Fabiano, cabra pernambucano do Recife. Ele veio para cá há uns 19 anos e trouxe entre os pertences a paixão pela cultura popular. Aqui, inquietou-se musicalmente até chegar à formação da Marafreboi, que surgiu há pouco mais de dois anos. A orquestra nasce da urgência de entrar em contato com esse universo apaixonante, que permeou a infância do maestro, iniciado na música aos 11 anos. - Essas sonoridades estão vivas em mim. Fazem parte da minha história, da minha sensação de pertencimento ao meu lugar de origem. O interessante é realizar isso daqui, de Brasília, desse caldeirão de cultura, pontua o maestro. O disco abre o leque dessas influências. A Orquestra Popular Marafreboi apresenta cada gênero, de forma que o ouvinte possa entender as diferenças entre cavalo-marinho estilizado e maracatu nação, por exemplo. O encarte reforça o cunho didático do projeto, com definições e caracterizações de cada um. No álbum, há a predominância de frevos, com uma seleção dos de rua. Alguns são de mestres como Levino Ferreira (Lágrimas de folião). O respeito aos sábios, aliás, está presente no disco-aula. O maestro Fabiano compôs Sertão Formiga, aboio baião em homenagem ao seu mentor, mestre Formiga. Há ainda o maracatu nação de Capiba (Verde mar de navegar) e o cavalo-marinho de Ademir Araújo (Olha o Mateus) - dois nomes caros à cultura popular brasileira. É nesse clima de aula-espetáculo que a Orquestra Marafreboi assume o palco do Clube do Choro. Posicionados em cadeiras, os 14 instrumentistas vão passear pela riqueza musical de um Nordeste que cabe naturalmente em Brasília, com a mesma força que ocupa as ruas e as vidas de milhões de pernambucanos de tantas gerações. Daqui, eles sonham em levar esse "jeito brasiliense" de tocar frevo e afins para o Brasil. - A gente já se apresentou no Ceará. Foi muito bom, lembra o maestro. Chegar a Pernambuco parece ser um futuro certo. Em janeiro passado, Marafreboi fez o asfalto de Brasília tremer. A orquestra puxou mais de cinco mil foliões entre o Cruzeiro Velho e o Sudoeste Econômico, com o bloco carnavalesco Suvaco da Asa. - É mais uma manifestação popular que mostra como Brasília é afim da cultura popular, do frevo, completa o maestro Fabiano. MARAFREBOI Orquestra popular faz show hoje, às 21h, no Clube do Choro (Eixo Monumental). Ingressos: R$ 10 e 5 (meia). Classificação indicativa livre.