Na mais recente edição do festival Bananada (realizado entre 19 e 23 de maio, em Goiânia), uma banda em especial, chamou a atenção do público por conta de sua salutar estranheza - que começa pelo nome: Procura-se Quem Fez Isso. Na ocasião, cinco figuras identicamente trajadas - roupas sociais pretas, cartolas com uma lanterna acoplada e meias-calças na cabeça encobrindo a identidade - tomaram o palco de assalto. O som produzido por eles, ainda que familiar, também guardava certa dose de peculiaridade. As letras curtas (e bem-humoradas) repetidas ao longo das músicas são acompanhadas por um trabalho instrumental com ecos de easy listening, psicodelia, trilhas sonoras antigas e rock de garagem.
Buscar informações básicas sobre o quinteto (dois teclados, baixo, guitarra e bateria), como o nome dos integrantes, é um trabalho em vão. Eles preferem manter o mistério (e, nesse caso, teria alguma graça se fosse diferente?). Nos shows, entre uma música e outra, o guitarrista traz ao microfone um gravador de fita cassete com mensagens ao público. "Obrigado, gente bonita", dizia uma delas, em voz manipulada por vocoder. O certo é que eles são de Porto Alegre, estão na ativa há pelo menos cinco anos e já lançaram três singles em CD-R. Por e-mail, os "bonecos" responderam algumas perguntas.
"A banda começou quando os bonecos entenderam que poderiam se tornar instrumentos para que a música se manifestasse do jeito mais puro e livre possível. Não existem atores e personagens, nem formatos e moldes, só uma abertura para que a música se manifeste da forma que quiser. Esse é o nosso sonho no universo da música", afirmam.
O visual, mais do que um chamariz para o olhar, atende a uma questão quase filosófica. "Nos questionam porque tocamos mascarados. Achamos que para o que fazemos é bastante importante. Cada um que entra nesse universo deixa suas individualidades de fora. Achamos que isso abre um caminho para que possamos simplesmente fazer música. Os bonecos têm vida própria quando tocam juntos".
A resposta sobre a inspiração para batizar o grupo segue caminho parecido: "Acabou chegando a nós através de uma pintura em uma parede. Achamos que ele ajuda a não definir o que fazemos. O que realmente define a identidade de um indivíduo em um determinado momento? Todos têm muitos bonecos dentro de si. Não sabemos quem fez o que em nossa música".
E qual será o próximo movimento nessa dança dos bonecos? Por enquanto, nada em vista, mas tudo em perspectiva: "Todos os passos dos bonecos serão dados na peregrinação musical que realizarão até o dia de suas mortes". No fim das contas, procurar quem fez isso é o de menos. A música fala por eles.
PROCURA-SE QUEM FEZ ISSO
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