Nada de épicos religiosos: nos cinemas de Brasília, o feriado de Corpus Christi inspira aventura, comédia e ação. A programação de lançamentos da semana, antecipada para hoje, reúne um príncipe intrépido, um cão atrapalhado e um trapaceiro incurável. Na praia das superproduções, o destaque é Príncipe da Pérsia: as areias do tempo, com a grife do produtor Jerry Bruckheimer (Armageddon) e o cacife do astro Jake Gyllenhaal (O segredo de Brokeback Mountain). Já para quem prefere entretenimento menos faraônico, a opção é o humor venenoso (e colorido) de O golpista do ano, com Jim Carrey, Ewan McGregor e Rodrigo Santoro.
Com sessões em 11 salas da cidade, Príncipe da Pérsia segue o rastro da franquia Piratas do Caribe, também produzida por Bruckheimer. O longa-metragem investe na mesma combinação de cenários exóticos e tramas com um quê de velhas matinês. O curioso é que esse combo ;à moda antiga; é inspirado em um videogame que, lançado no fim dos anos 1980, ajudou a inaugurar uma nova onda de jogos eletrônicos. Mas o pioneirismo do game, assinado por Jordan Mechner, não se nota em uma trama que combina elementos de romance, fantasia e fitas de capa e espada.
O herói da vez atende por Dastan e vive na Pérsia do século 6. Nascido na miséria, ele é criado na rua, sem pai nem mãe. Quando tenta defender um menino pobre, é perseguido pelo exército. Mas acaba por chamar a atenção da nobreza, que percebe algo especial naquele garoto valente. O tio Nizam (Ben Kingsley) o ensina a lutar contra os inimigos da nação. Em meio a batalhas por territórios, ele se vê acompanhado por uma misteriosa princesa (Gemma Arterton) numa missão pedregosa: proteger uma adaga mágica que, cobiçada pelos vilões, é capaz de controlar o tempo. Aquele que se apossar da relíquia terá o controle sobre o mundo. O eclético Mike Newell (Harry Potter e o cálice de fogo, Quatro casamentos e um funeral) dirige.
Ainda mais arejada é a premissa da comédia infantil Marmaduke, que acompanha as traquinagens de um dogue alemão que inferniza o cotidiano de uma família de classe média. Owen Wilson (que, talvez não por coincidência, participou de Marley & eu) dubla o mamífero falastrão, que, desenhado por Brad Anderson e Phil Leeming, já apareceu em mais de 600 tirinhas de jornais, distribuídas em 20 países.
Nada pueril, o tom de O golpista do ano (em inglês, I love you Phillip Morris) beira a farsa ; para adultos. A fita independente americana, dirigida por Glenn Ficarra e John Requa, deve surpreender os fãs de Jim Carrey. Longe do esquemão dos grandes estúdios, o ator volta às telas como o trambiqueiro Steven Russell, que faz de tudo para proteger o homem que ama, Philip Morris (Ewan McGregor). Um dos primeiros casos de Steven, Jimmy Kemple, é interpretado por Rodrigo Santoro.