A Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu 31 de maio como o Dia Mundial Sem Tabaco com o objetivo de sensibilizar o maior número de pessoas sobre os males causados pelo consumo de tabaco e seus derivados. Na passagem da data, a agência de publicidade NovaS/B traz a Brasília a mostra Propagandas de cigarro - como a indústria do fumo enganou as pessoas, com abertura hoje, a partir das 9h, na Sala do Servidor da Câmara dos Deputados (Praça dos Três Poderes).
Serão seis painéis (cada um com 5 metros de largura por 2 de altura) com anúncios da indústria tabagista, produzidos entre as décadas de 1920 e 1950. Cada painel é composto por sete placas e trata de um tema específico. Um deles traz a temática das crianças e familiares, outro retrata ídolos do cinema, da música, como Frank Sinatra, e do esporte, a exemplos de astros do futebol americano da época, consumindo e oferecendo cigarros de marcas diversas. "A imagem que passa é a de que você é livre para fumar, o que é uma inverdade. O consumidor de tabaco é um viciado, porque não tem a liberdade de parar", ressalta a curadora Bia Pereira.
Cerca de 3 mil anúncios foram reunidos pelos médicos norte-americanos Robert K. Jackler e Robert N. Proctor, professores da Universidade de Stanford. Nos Estados Unidos, eles selecionaram essas imagens e organizaram a exposição que chegou ao Brasil e já passou por São Paulo e Rio de Janeiro. "Recebemos cerca de 600 imagens. Para esta mostra, reunimos uns 100 anúncios para montar os painéis e mais 20 minutos de filmes publicitários", pontua Bia. A mulher é o alvo.
O uso abusivo da imagem feminina é tema de outro painel. "Aproveitamos que a mulher é o foco da campanha da OMS deste ano e montamos este painel inédito, pois não tivemos a possibilidade de incluí-lo nas mostras do São Paulo e Rio, devido ao espaço que dispunhamos", adianta. De acordo com o relatório sobre a epidemia mundial do tabaco, feito pela OMS, 12% das mulheres no mundo são fumantes e a indústria tabagista, já entre os anos 20 e 50, percebeu esse novo alvo fácil e implementou suas propagandas.
O painel associa a independência recém- conquistada daquelas mulheres ao glamour de fumar, à moda e também às guerras, em que atrizes e cantoras eram enviadas às concentrações para distribuir cigarros aos soldados. Segundo a curadora, as guerras transformaram o cigarro num produto de massa. As artimanhas da indústria chegaram aos funcionários da saúde, como poderá ser visto no painel reservado a "pesquisas pseudocientíficas e profissionais de saúde que aprovavam o cigarro" com o uso de dentistas, médicos e enfermeiros.
Outro painel aponta promessas de algumas marcas. As mais esdrúxulas garantiam que o tabaco fazia bem à saúde, que aqueles com sabor de menta eram bons para garganta, outros para a asma. O pior era o subtítulo: "Não recomendado para menores de 6 anos". A curadoria calcula que cerca de 60 mil pessoas já viram a exposição e a expectativa é que o público predominante na cidade seja de jovens. "Em Nova York, onde a mostra esteve em cartaz, houve uma procura enorme por escolas e faculdades de comunicação. Imagino que aqui não seja diferente." Depois de Brasília, a exposição volta ao Rio, de onde segue para Curitiba e os organizadores já receberam convites do Espírito Santo e da cidade de Piracicaba (SP).
Comentários
A curadoria disponibiliza um livro de registros, em todos os lugares em que a mostra fica exposta, onde os visitantes podem realizar comentários sobre as imagens. Em Brasília, o caderno também estará presente.
Propagandas de cigarro - Como a indústria do fumo enganou as pessoas
Sala do Servidor da Câmara dos Deputados, Praça dos Três Poderes. De hoje (Dia Mundial do Tabaco) a 11 de junho, de segunda a sexta, das 9h às 18h.