Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

A dupla Zezé di Camargo e Luciano se apresenta hoje na cidade

A canção Tapa na cara, do recém-lançado CD Double face, está entre as mais tocadas no país

Quando menino, vivendo numa fazenda sem energia elétrica próxima a Pirenópolis, no interior goiano, o pequeno Mirosmar costumava ficar encantado com as luzes que se via ao longe, no horizonte, imaginando o que estava ali. "Tá vendo aquele clarão lá adiante, filho? É Brasília, capital do Brasil", dizia a mãe para o garoto, que veio a tornar-se Zezé di Camargo, um dos principais expoentes, ao lado do irmão Luciano, da música sertaneja no país. Anos mais tarde, naquele 'clarão' que brilhava ao longe, a dupla viveu momentos importantes da carreira, como o show do réveillon do ano passado na Esplanada dos Ministérios, e hoje retorna à capital para cantar, logo mais, na Festa Junina da Universidade Católica. "Brasília sempre esteve presente na nossa vida. Participamos de grandes eventos na cidade e é sempre bom voltar", destaca Zezé. Os artistas acabam de lançar o CD duplo Double face, um projeto que há tempos martelava na cabeça dos dois: unir modões sertanejos, principalmente dos anos 1980, com músicas inéditas. Sempre atenta ao pop, a dupla também gravou Do seu lado, de Nando Reis, sucesso com os rapazes do Jota Quest. Com poucas semanas nas lojas de todo o Brasil, e a canção Tapa na cara (Zel Moreira, Villa e Carlos Randall) figura nas paradas de sucesso das rádios de todo o país. A letra, ao contrário do que muita gente imagina, diz que levar um tapa na cara dói menos do que perder alguém que se gosta: "Tapa na cara eu sei que vai doer, só não dói mais do que perder você%u2026" "Quando a música foi lançada, muita gente achou que era uma alusão à violência e que a gente estava incentivando isso. Não tem nada a ver. Quem conhece a letra, sabe que ela não trata disso. Mas no fundo essa polêmica é até boa. As pessoas acabam se interessando", admite Mirosmar, ou melhor, Zezé. Double face tem um quê daqueles vinis de antigamente, com os lados A e B, e uma preocupação com encartes e acabamentos. Zezé conta que, em meio a uma era de piratarias e downloads de músicas na internet, muita gente estranhou quando surgiu o novo produto da dupla. "As pessoas até se assustaram dizendo que não tinham mais esperança de ter um produto desse mais na mão, todo trabalhado, com encarte e tudo mais. Atualmente, alguns CDs não têm nem o nome das músicas. O CD ainda é o maior produto de um artista, o maior cartão de visitas dele para vender show e se divulgar. Nosso último disco foi o segundo mais vendido, no ano passado, com 420 mil cópias", vangloria-se. No ano que vem, a dupla vai completar 20 anos de carreira. Foi em 1991, quando estourou o sucesso É o amor ,que o país conheceu os "dois filhos de Francisco". Zezé diz que ainda não há nada programado para as comemorações, mas certamente eles não vão deixar a data passar em branco. "Chegar aos 20 anos de carreira é um privilégio. Certamente, vamos celebrar com um novo disco, DVD, mas ainda não tem nada de concreto", diz. DUAS CARAS Double face Zezé di Camargo & Luciano. Sony Music. Preço sugerido: R$ 29,90 Ouça trecho de Tapa na cara, novo hit da dupla Três perguntas - Zezé di Camargo Outros cantores sertanejos, como Chitãozinho e Xororó, Leonardo, Daniel%u2026 fizeram ou vão fazer um filme sobre suas vidas. Vocês foram os precursores nesse sentido? Não acham que vai ficar batido para o público mais um filme sobre a história de meninos pobres do interior que alcançaram o sucesso? Acredito que todos esses artistas merecem registrar suas histórias no cinema, principalmente artistas populares como eles. Nós somos de domínio público, pertencemos ao público do Brasil e, por isso, é normal que as pessoas queiram conhecer nossas vidas. Como o nosso filme ainda é muito recente, e marcou bastante, é natural surgirem essas comparações. Mas cada um tem a sua história. Não é tudo igual. E se fosse obedecer a cronologia, o filme do Leandro e Leonardo e do Chitãozinho e Xororó deveria vir antes do nosso, já que eles surgiram antes da gente. Recentemente você deu uma entrevista classificando a música de vocês como pop. Afinal, qual é o gênero de Zezé di Camargo e Luciano? A definição da nossa música é algo engraçado e isso acontece desde quando começamos. Sempre fomos um pop romântico, mas sertanejo também, porque somos uma dupla sertaneja. Certa vez, fomos ao México e eles acharam que a nossa música tinha muito a ver com Julio Iglesias, Roberto Carlos, essas baladas românticas, e que não tinha nada a ver com country americano. A gente tem essa influência das raízes, do campo e tal, com um formato urbanizado, mas também tem uma música romântica. Sem querer me gabar, acho que poucos artistas no Brasil teriam condições de se arriscar em formatos musicais tão diferentes como a gente. E esse CD mostra muito bem isso. Brasília é uma cidade que sempre esteve presente na vida de vocês. O que você acha da capital nesse sentido musical? É uma cidade muito interessante, cosmopolita, com gente do Brasil inteiro e uma variação cultural impressionante. Tem influência do forró, do Nordeste; do sertanejo, do Centro-Oeste e de Minas, os roqueiros nascidos na cidade mesmo e que marcaram toda uma geração. O choro é muito forte também. Fui conhecer a cidade quando já era grande, ainda morava em Goiânia, e ela sempre me encantou, em todos os aspectos. CARUARU NA UCB - FESTA JUNINA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA Show com Zezé Di Camargo & Luciano, Irah Caldeira, Bicho de Pé, com comidas típicas, artesanato, quadrilha e brincadeiras, hoje, a partir das 19h, na sede da Universidade Católica de Brasília, no Pistão Sul Taguatinga. Ingressos: Estudante da UCB R$ 10, Comunidade Externa R$ 40 (inteira) | R$ 20 (meia). Postos de venda: Cerimonial e Eventos UCB (sala F025) | Entradas dos Blocos e Bilheteria do Auditório Central | Fujioka (Taguatinga Shopping) | Livraria Leitura (Pátio Brasil) | Clipping (209 Sul) | Campi II e III da UCB. Informações: 3356-9441 / 9443. Classificação indicativa livre.