Ney Matogrosso tem vindo em turnês a Brasília desde a época do Secos & Molhados, quando, em 1973, o grupo lotou o Ginásio Nilson Nelson duas vezes na mesma noite. Logo ao iniciar carreira solo, esteve no mesmo local com Homem de Neanderthal. ;Só não pude fazer Pecado e Feitiço, porque nos anos 1977 e 1978, estava proibido de me apresentar aí;, lembra o cantor, que se descobriu artista na capital.
Para compensar, o brasiliense aplaudiu, em diferentes espaços da cidade, espetáculos memoráveis de Ney. O concerto camerístico Pescador de pérolas, com a participação do pianista Arthur Moreira Lima, do saxofonista Paulo Moura, do violonista Raphael Rabello e do percussionista Chacal; Batuque, que reverenciava Carmem Miranda, com repertório da Pequena Notável; e o antológico Ney Matogrosso canta Cartola foram alguns deles..
Há dois anos o artista mostrou sua ligação com o rock ao homenagear o amigo Cazuza em Inclassificáveis, show em que exibiu de forma ainda mais acentuada seu lado performático. Tendo sempre o cuidado de não se repetir, Ney retorna hoje, às 21h, àquele palco com Beijo bandido, um quase recital que o permite exercitar faceta destacada da sua arte ; a de intérprete.
O show, que estreou no fim do ano passado, em Juiz de Fora (MG), já foi levado a teatros de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e, mais recentemente, a Portugal, onde o cantor se apresentou, com grande sucesso, em Lisboa, Porto e Açores. ;Os portugueses sempre me receberam de forma calorosa e com muito carinho. Desta vez, mesmo com a crise econômica vivida pelo país, lotaram todos os locais em que estive.;
Repertório
Beijo bandido, o título do espetáculo é definido por Ney como uma ;liberdade poética; e foi pinçado de trecho da canção Invento, do gaúcho Vitor Ramil. A base do roteiro é o repertório de CD homônimo (32; álbum da carreira solo). Algumas das músicas ; clássicos populares ; já fizeram parte de outros shows, ou foram gravadas por ele em discos anteriores. Entre elas estão: Tango pra Tereza (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto), De cigarro em cigarro (Luiz Bonfá), Doce de coco (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho) e Fascinação, versão de Armando Louzada para composição de F.D. Marchetti e M. de Feraudy.
Temas românticos predominam em Beijo bandido, mas eles podem, também, ter conotação pop, como Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller), Mulher sem razão (Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto) e A distância (Roberto e Erasmo Carlos). Usando figurino assinado por Ocimar Versolato, Ney Matogrosso, que é responsável também pela luz do espetáculo, terá a companhia da banda formada por Leandro Braga (piano e arranjos), Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão).
Ouça a canção A Distância