Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Robin Hood dá início ao Festival de Cannes

Cannes - Cinzas vulcânicas, ondas gigantescas e a crise econômica ameaçavam o Festival de Cannes, mas a festa do cinema finalmente começou nesta quarta-feira sem incidentes e com a presença dos protagonistas de Robin Hood, o grande filme do dia. [SAIBAMAIS]Russel Crowe e Cate Blanchett cruzaram o famoso tapete vermelho que cobre as escadarias do Palácio dos Festivais, por onde desfilam os astros e estrelas convidados do evento. Os dois atores protagonizam o filme apresentado na abertura de gala do Festival, uma nova versão da conhecida lenda de Robin Hood que custou 100 milhões de dólares e foi recebida com aplausos na exibição à imprensa. Blanchett e Crowe explicaram aos jornalistas que lotaram a sala de imprensa do Palácio dos Festival como nasceu o projeto de fazer essa versão totalmente diferente de Robin Hood. "Já houve muitas versões de Robin Hood, mas nós queríamos explicar como Robin Hood se converte em outra pessoa, em um homem que defende os mais fracos e pressiona um rei para que modere seu poder", indicou Crowe. "Foi uma perspectiva arrogante, que era necessária. Partia do ponto de vista de que o que se sabia anteriormente sobre Robin Hood era um erro", explicou Crowe. Dirigida com vigor por Ridley Scott, que não pôde ir a Cannes por causa de um problema no joelho, o filme - 140 minutos de ação incessante - explora a origem do mito do lendário herói inglês do século XII, que defende os pobres contra os ricos e é declarado um bandido procurado. Combates mano a mano, intrigas políticas entre a nobreza e o rei João da Inglaterra, que sucede a Ricardo Coração de Leão, ataques a castelos históricos, uma invasão da França que tinge o mar inglês de sangue, inúmeras traições: o filme de Scott é espetacular e épico. E para contribuir para que os 100 milhões de dólares de investimentos se vejam multiplicados na bilheteria, o herói também vive uma história de amor, com uma Lady Marian moderna e liberada, que participa na batalha decisiva ao lado de Robin Hood. "Os filmes são feitos para serem vendidos. Se não são vendidos, não tem sentido fazê-los", afirmou Ridley Scott em uma recente entrevista. Crowe deixa claro que o filme tem, além disso, uma relevância nesses tempos e que se Robin Hood existisse no século XXI, talvez jogasse flechas contra Wall Street ou contra os monopólios dos meios de comunicação. "Minha teoria é que, se Robin vivesse nos dias de hoje, ele olharia o monopólio dos meios de comunicação como seu grande inimigo", declarou o polêmico ator neozelandês. "Também olharia para Wall Street, para a crise das hipotecas, para a crise dos 'subprime" e seriam seus novos alvos". "O coração de Robin é simples: ele se comove com o sofrimento desnecessário de outro ser humano. E isso acontece em todos os tempos", concluiu. A seleção do filme considerado um 'blockbuster' para a mostra oficial do Festival de Cannes, onde será apresentado fora de competição, não surpreende mais à medida que os organizadores da mostra há anos optaram por realizar um evento que seja uma mistura de cinema de arte e cinema comercial.