Ao longo dos últimos 13 anos, o Clube do Choro tem sido plataforma de lançamento e de pré-lançamento de discos de músicos que participam dos projetos da entidade. De hoje a sexta-feira será a vez de Arthur Maia, um dos mais renomados contrabaixistas brasileiros mostrar, em primeira audição, temas que fazem parte do repertório de O tempo e a música, o sexto CD solo da carreira.
"Esse é o mais brasileiro dos meus discos. Para chegar a esse conceito fui, em parte, influenciado por minhas apresentações anteriores no Clube do Choro, onde gêneros brasileiríssimos sempre estão presentes no cardápio. Já toquei aí quatro vezes, tempo suficiente para me conscientizar da importância de ocupar esse palco e de ter a possibilidade de conhecer melhor grandes instrumentistas formados na capital", elogia.
Dois desses músicos, o pianista Flávio Silva e o saxofonista, clarinetista e flautista Adermir Júnior integram o grupo que irá acompanhar Arthur. O outro é o baterista norte-riograndense Di Steffano. "Cultivo uma grande admiração pelo Ademir, a quem tenho convidado para tomar parte em shows meus aqui no Rio de Janeiro. Ele marca presença, também, em O tempo e a música. Num estúdio em Taguatinga, gravamos o choro Minha palhoça, do meu tio J. Cascata", conta.
Segundo o baixista, no álbum - a ser lançado no começo do segundo semestre - há muito de sua infância, das serestas promovidas em casa pelo pai. Não por acaso, entre as faixas há duas valsas, a clássica Abismo de rosas, de Dilermando Reis; e Tuca. "Esta eu compus para meu pai, que tinha o apelido de Tuca, e nela tenho como convidados três grandes músicos."
"Um deles é o Heitor TP, craque da guitarra que durante algum tempo morou na Inglaterra e tocou com o Simply Red e Sting. Radicado há alguns anos em Los Angeles (EUA), ele trabalha com Hans Zimmer, um dos maiores produtores de trilha para cinema", revela Arthur. "Os outros dois são o baterista Carlos Bala e o guitarrista brasiliense Gabriel Grossi", acrescenta.
No CD há, ainda, os registros de Um abraço no João, um raro tema instrumental composto por Gilberto Gil, que empresta o virtuosismo do seu violão a gravação; e do maxixe Brejeiro, de Ernesto Nazareth, composta no fim do século 19 , mais precisamente em 1893. "Criei numa versão slap, que é tocar batendo com o polegar no contrabaixo, puxando o indicador. É uma técnica moderna de tocar contrabaixo", explica.
Integrante da banda de Gilberto Gil há duas décadas, Arthur já acompanhou em gravações e shows outros artistas do primeiro time da MPB, como Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Martinho da Vila, Lulu Santos, Marisa Monte; esteve ao lado de vários músicos internacionais da importância de Pat Metheny, Carlos Santana e George Benson. Free Jazz, Heineken Concerts, Festival de Montreux, Festival de Jazz de Paris, New York Jazz Festival são alguns do eventos, pelo mundo, em que o contrabaixista tocou. Do seu currículo fazem parte, ainda, quatro prêmios Grammy.
ARTHUR MAIA
Show do contrabaixista Arthur Maia e banda, de hoje a sexta-feira, às 21h, pelo projeto Brasília, 50 Anos - Capital do Choro. No Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.