Peças de compositores eruditos brasileiros, já popularizadas, serão ouvidas no concerto que a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro apresenta amanhã, às 18h, em frente à Torre de TV, para homenagear o Dia do Trabalhador. O programa foi elaborado pelo maestro Henrique Morelembaum, que, a convite do titular Ira Levin, estará à frente do grupo.
"Minha ideia foi adequar o programa ao local e ao espectador que irá assistir ao concerto. Possivelmente, a maioria das pessoas que estarão lá não tem intimidade como esse tipo de música, mas vamos levar a elas peças de alta qualidade, facilmente compreensíveis, de alguns dos maiores compositores eruditos brasileiros", explica Morelembaum.
O concerto, com 45 minutos de duração, será aberto pela protofonia de O Guarany (Carlos Gomes). Em seguida serão executadas Bachianas n; 7 (Heitor Villa-Lobos), Dança brasileira (Camargo Guarnieri) e Batuque (Lorenzo Fernandes). No encerramento o público ouvirá Dança da rainha Ginga (Francisco Migone). "São peças tão acessíveis que não me surpreenderei se as pessoas da plateia vierem a dançar", observa o maestro, em tom bricalhão.
Nascido no Polônia, Moelembaum veio com a família para o Brasil em 1935, com 3 anos de idade. Formou-se na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em violino, viola, composição e regência. Depois, por 35 anos, foi professor da instituição. Ao aposentar-se, conquistou o título de professor emérito.
Longa, também, foi a permanência do músico - pai do violoncelista Jaques Morelembaum, que no último sábado acompanhou Gilberto Gil em show na cidade - na Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. "Integrei essa orquestra durante 42 anos, inicialmente como 1; violinista e, entre 1963 e 1993, como maestro. Paralelamente, em viagens ao exterior, regi orquestras sinfônicas na Inglaterra, França, Itália, Espanha, Alemanha, Polônia, Argentina, no Chile e Venezuela. No Teatro Municipal do Chile, estive à frente da montagem de óperas, de 1972 a 1982; e, em seguida, fui regente convidado da Orquestra Sinfônica do Chile de 1993 a 1999", lembra.
Inauguração
A Brasília Morelembaum tem vindo desde sempre. "A primeira vez que toquei na capital foi em 21 de abril de 1960, na Esplanada dos Ministérios, na festa de inauguração, como violinista da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Eleazar de Carvalho. Me recordo que fizeram parte do programa o Choros 10, de Villa-Lobos; e a protofonia de O Guarany, de Villa-Lobos, que será apresentada amanhã pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro."
Ele guarda boas lembranças de Santoro. "Depois da primeira estada em Brasília, só voltei em 1985, a convite do Santoro, fundador da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, que leva seu nome. Um outro concerto memorável que regi na capital foi em 1995, quando regi a orquestra e o Coro Comunitário da UnB, com 250 vozes, na execução da 9; Sinfonia de Beethoven. No ano seguinte, estive à frente do grupo na interpretação de um programa com várias de óperas, que contou com a participação de cantores líricos."
Em 2003, em sua última vinda à cidade, o maestro esteve à frente da formação que encenou a ópera A carta, de Elomar Filgueira de Melo, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Na terça-feira, a convite de Ira Levin, regeu a Orquestra Sinfônica, em concerto no Teatro Nacional. A experiência de Morelembaum em concertos ao ar livre, como o de amanhã na Torre de TV, é grande. "Durante vários anos, regi a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal no Projeto Aquarius, no Rio."
CONCERTO EM HOMENAGEM AO DIA DO TRABALHADOR
Apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, sob a regência do maestro Henrique Morelembaum, amanhã, às 18h, na área em frente à Torre de TV. Acesso livre. Classificação indicativa livre.
# O 1; de maio convida o brasiliense para a rua. Amanhã, a partir das 11h, no estacionamento do Taguaparque (Pistão Norte), artistas do DF comandam a festa da CUT, que começa com a Escola de Samba Bola Preta, de Sobradinho. Depois, hip-hop, samba e sertanejo se mesclam nas vozes de Dhi Ribeiro, Henrick & Ruan, Gog, Nós Negras e César de Paula. Em frente ao Espaço Ecco (Setor Comercial Norte, ao lado do Liberty Mall), o maestro Jorge Antunes comanda Auto do pesadelo de Dom Bosco (foto), ópera de rua que dialoga com os casos de corrupção que assolam os poderes públicos do DF, sobretudo, a Câmara Distrital. A apresentação, que também começa às 11h, traz cena nova, inspirada nos desdobramentos políticos. As duas atividades têm entrada franca.