A harpista Cristina Braga tem formação clássica, mas desde o começo da carreira, há 30 anos, se dedica à música popular. Nos 12 discos que gravou - cinco solo -, gêneros como o choro e o samba sempre aparecem com destaque. O segundo, O mundo é um moinho, de 1991, é totalmente dedicado às obras de Cartola e Noel Rosa. No mais recente, Paisagem, feito com o violoncelista norte-americano de jazz Eugene Friesen, e que saiu em 2008 pela Biscoito Fino, novamente os ritmos brasileiros estão em evidência.
Cristina, que já se apresentou em BrasÃlia, no Teatro da Caixa (acompanhando OlÃvia Hime) e no Centro Cultural Banco do Brasil, "num projeto sobre cartas de amor", com a atriz Cláudia Ohana, faz de hoje a sexta-feira, à s 21h, seu primeiro show no Clube do Choro, como atração do projeto BrasÃlia, 50 Anos - Capital do Choro. "Será um recital em duo com o contrabaixista e violonista Ricardo Medeiros, responsável, também, pela direção musical", anuncia.
Na composição do programa estão choros que a musicista tem interpretado ao longo de sua trajetória artÃstica. "Dá um prazer incomensurável tocar esse repertório, pois todas as canções fazem parte da minha história com a harpa. Toco choro em todos os meus recitais, tanto no Brasil quanto nas turnês que costumo fazer, no começo do ano, por paÃses europeus, como Alemanha, Ãustria e França", conta.
Novos arranjos
Entre esses choros estão Choro nº 1 (Heitor Villa-Lobos), 1 x 0 e Vou vivendo (Pixinguinha), Gaúcho (Chiquinha Gonzaga), Brasileirinho (Waldir Azevedo), Santa Morena (Jacob do Bandolim) e Cordas soltas, "que o Mário Séve, querido amigo e parceiro de palco, fez para mim", diz. "Como foram adaptados para a harpa, tive que criar arranjos para todos eles", acrescenta.
Sem esconder a expectativa pela estreia no Clube do Choro, Cristina diz que recebeu de um músico do seu cÃrculo de amizade "ótimas referências sobre esse espaço, um dos raros no paÃs dedicado à música instrumental". Ela acredita que vai ser uma experiência enriquecedora. "Aguardo com ansiedade o momento de subir ao palco com o Ricardo (Medeiros), desde que recebi o convite da direção da casa", revela a harpista, que iniciou a carreira como integrante grupo Opu5, com quem gravou o primeiro disco, lançado nos Estados Unidos.
O próximo álbum
Em maio, Cristina Braga lança pela Biscoito Fino o álbum Feito peixe, no qual reúne músicas autorais e de outros compositores. Entre elas, Ãria de EmÃlia, de Silvio Barbato e Bernardo Vilhena, que faz parte da ópera O cientista, escrita pelo maestro desaparecido no acidente do voo 247 da Air France, em 29 de maio de 2009. "Silvio tinha combinado de passar em minha casa para criarmos um outro arranjo que eu usaria na gravação da música. Infelizmente, não houve tempo para isso", comenta com tristeza.
CRISTINA BRAGA
Recital da harpista em companhia do contrabaixista Ricardo Medeiros de hoje a sexta-feira, à s 21h, pelo projeto BrasÃlia 50 Anos - Capital do Choro. No Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.
Ouça a música Brasileirinho