Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

A edição deste ano da Expovinis, maior feira de vinhos da América Latina, começa na terça-feira em São Paulo

Muitos produtores participam também do 1º Del Maipo Tasting, a ser realizado em Brasília no próximo fim de semana

Quem pauta o consumo de vinhos no Brasil é uma feira que se realiza todos os anos, nesta época, em São Paulo, e é considerada a maior do setor da América Latina. Ano passado, recebeu 15 mil visitantes. A Expovinis Brasil 2010, que começa na terça-feira no Expo Center Norte e vai até quinta-feira, reunirá produtores nacionais e internacionais, enólogos e amantes do vinho em geral ; a maioria sommeliers, donos de lojas e de restaurantes, que são os profissionais responsáveis pela escolha da bebida que chega ao consumidor final.

Este ano, está prevista a participação de 250 expositores, que trarão vinhos, muitos vinhos do Velho Mundo (França, Itália, Espanha e Portugal) e do Novo Mundo (África do Sul, Nova Zelândia, Chile e Argentina). A novidade, porém, será a presença de vinhos de locais surpreendentes, como Bolívia, Grécia (alguns tintos são conhecidos) e até da Sérvia.

O brasiliense que não puder comparecer à Expovinis terá a chance de degustar na cidade mesmo muitos dos rótulos que estão sendo trazidos do exterior. É que alguns produtores aproveitam a vinda ao Brasil para visitar outras cidades brasileiras onde seus vinhos são bem apreciados. O evento mais importante será o 1; Del Maipo Tasting, que se realiza, no próximo sábado, no I Maestri Lounge, restaurante flutuante ancorado no Golden Tulip Brasília Alvorada Hotel. Organizada pelos irmãos Álvaro e Cyro Torres ; o primeiro, proprietário da importadora Del Maipo, e o segundo, das lojas Brilho ;, a degustação reúne mais de 300 rótulos, que fazem parte do portfólio da importadora, uma das 10 mais importantes do Brasil.



O evento traz a Brasília mais de 20 produtores. Entre eles, estão o presidente da Casa Tamaya, René Merino Blanco, que preside a associação Vinos de Chile e foi uma figura de peso na assistência às vítimas do recente terremoto que atingiu o país andino; a proprietária da vinícola espanhola Gran Vinos e Vinedos, Nieves Deamonte; e o enólogo Juan Manuel Burgos, que faz os vinhos Avan, em Ribera Del Duero. Acompanhará a degustação uma seleção de tapas confeccionadas pelo chef Rodrigo Sanchez, com presuntos e queijos importados da Espanha e de Portugal.

Nacional
Depois de uma forte participação em 2009, aumenta ainda mais a presença do vinho nacional na Expovinis, graças ao trabalho desenvolvido pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que tem levado o produto para o mercado internacional. Diversas marcas elegem a feira para lançar seus produtos, como a Salton, que fará o pré-lançamento do espumante e do tinto Centenário, em comemoração aos 100 anos da empresa, que transcorre em agosto. A Miolo lança a nova linha de vinhos Almadén, produzidos na recém comprada vinícola de Uruguaiana e anuncia o Terranova Brut Rosé, elaborado na Bahia com a uva grenach, utilizada pela primeira vez em um espumante no Brasil. Da Casa Valduga, a atração será a nova safra do Storia, consagrado no Mondial du Merlot, na Suíça, onde conquistou medalha de ouro.

A feira também receberá personalidades do mundo do vinho, como os enólogos Patrick Valette, proprietário do Château Rougerie, de Bordeaux, e que tem como clientes vinícolas do Cone Sul; e o italiano Davide Rosso, de 36 anos, que trabalha nos vinhedos com abordagem orgânica. Desde 2001, Rosso produz Barolos na vinícola da família. Um júri de 12 especialistas apontará a lista dos 10 mais expressivos vinhos da feira. A lista será publicada na terça-feira no site www.expovinis.com.br.

Paralelamente à mostra de vinhos, o espaço abriga ainda a Brasil Cachaça, que traz um painel das melhores bebidas produzidas no Brasil, e a Epicure 2010, que exibe charutos, cigarrilhas, tabaco e artigos do setor.

Outros eventos
A importadora Mistral é outra empresa que promove degustações em Brasília. A primeira, na quarta-feira, será na Trattoria da Rosario, onde o chef Rosario Tessier desenvolveu pratos para harmonizar com vinhos do Piemonte, na presença dos produtores Mario Cordero, da vinícola Vietti e Paulo Coppo. No cardápio, carpaccio de alcachofra com o branco Gave La Rocca, da Coppo; risoto de linguiça de javali e radicchio com Dolceto D;Alba, da Vietti; e stinco de cordeiro e gâteau de batata baroa com Barbera D;Asti Camp du Rouss. Na sobremesa, crostada de frutas com Moscato D;Asti DOCG.

Na quinta-feira, será a vez dos vinhos portugueses, que serão apreciados durante jantar no restaurante Dom Francisco da 402 Sul, conduzido por João Pedro Branco, da vinícola Niepoort. No menu, bacalhau em lascas ao aroma de louro com o Redoma branco; ravióli de galinha d;angola com o Conversa; e carré de cordeiro com favas rústicas ao azeite trufado com o Vertente. Para encerrar, o porto LBV acompanha torta de chocolate com coulis de frutas vermelhas. Na mesma noite, na QI 9 do Lago Sul, a Grand Cru recebe Luc Bouchard, da premiadíssima Bouchard Pére et Fils, maior proprietária de premier cru da Borgonha.

; Eventos

Expovinis Brasil 2010
27 a 29 de abril
Expo Center Norte (Villa Guilherme, São Paulo)

1; Del Maipo Tasting
1; de maio, sábado
I Maestri Lounge (Brasília Alvorada Hotel)

Degustações Mistral
28 de abril, quarta-feira
Trattoria da Rosario
(QI 17, Lago Sul)
Informações: 3248-1672

29 de abril
Dom Francisco (402 Sul)
Informações: 3224-1634

Degustação Grand Cru
29 de abril
QI 9, Lago Sul
Informações: 3368-6868

; Três perguntas para Cyro Torres Junior, empresário

Como o senhor escolhe os fornecedores da Del Maipo?
A seleção é feita de forma bem criteriosa. Normalmente, primeiro escolhemos o país e depois passamos muito tempo em viagem, selecionando o portfólio de cada região, como na Espanha. Hoje temos o maior portfólio de vinhos espanhóis no Brasil, que demorou cerca de três anos para ser formado e consumiu mais de 10 viagens buscando produtos de todas as denominações de origem. Agora, estamos fazendo um trabalho com a França. A empresa já importa da África do Sul, do Chile, da Argentina, de Portugal e da Austrália.

Qual é o perfil do bebedor de vinho?
Está crescendo muito o consumo de vinho no Brasil. Até uns cinco ou seis anos atrás, o consumidor de vinho de qualidade pertencia a uma classe de alto poder econômico. Hoje, isso mudou, porque já se encontram bons vinhos importados por R$ 20 ou R$ 30. Isso está fazendo com que o consumo aumente em termos de volume. Há uma nova classe média emergente que vem buscando cada vez mais vinhos e outros produtos da linha gourmet, o que provoca o aumento do consumo de vinhos médios, que estão na faixa de R$ 20 a R$ 50.

O que o senhor espera da 1; Del Maipo Tasting?
Será a concretização de um sonho. Começou com uma brincadeira na última Vini Sud, uma feira de vinhos na França, para a qual fomos convidados. Quando chegamos lá, vários de nossos fornecedores disseram que vinham para a Expovinis, em São Paulo, e depois visitariam nossa empresa em Brasília. Quando cheguei, falei com o Álvaro, dono da empresa, e perguntei o que faríamos com todo esse pessoal aqui em Brasília por três dias. Aí surgiu a ideia da feira, que é uma novidade e será a primeira neste padrão, num lugar fantástico que é o I Maestri (restaurante sobre balsa ancorada no Brasília Alvorada Hotel) e tenho certeza de que vai marcar Brasília no mundo do vinho.

Selo para combater o contrabando

Alguém disse certa vez que o vinho nacional não tem pai nem mãe. Tem, sim, uma madrasta cruel, representada pelo governo brasileiro, que cobra altos tributos sobre o produto. O vinho importado, por sua vez, sofre da mesma doença. Ele chega muito caro à mesa do consumidor, por causa da taxação pesada. O maior inimigo da bebida, porém, é o contrabando. A entrada de vinho ilegal no Brasil, sobretudo de países de fronteira, é uma prática que tem aumentado.

Buscando inibi-la, está em curso uma medida da Receita Federal que exigirá que os vinhos nacionais e importados comercializados no Brasil passem a conter o selo de controle do Fisco, a partir de 1; de julho de 2011. O produto passará a ter o mesmo tratamento que os destilados e outras bebidas classificadas como ;quentes;. Cervejas e refrigerantes são submetidos a outros tipos de controle. ;Toda medida que disciplina o mercado é muito bem-vinda;, diz Carolina Maia, fundadora e proprietária da importadora brasiliense Vintage Vinhos. A empresária espera que o selo não traga muita burocracia para ser implantado.

A Receita estabeleceu um cronograma de implementação do instrumento de modo que os estoques de vinho sem o selo que estão no comércio possam ser vendidos. Até 31 de agosto deste ano, as empresas que produzem, engarrafam e importam a bebida terão de solicitar o registro para obtenção do comprovante, enquanto as vinícolas terão de se adequar às novas normas a partir de 1; de novembro.