Imagine a seguinte situação: você conhece uma pessoa num dia e, no outro, ela te liga a cobrar. E o pior: logo quando você está dirigindo. Essa é a história por trás do clipe Telefone, uma paródia de Telephone, último hit de sucesso das cantoras Lady Gaga e Beyoncé. A versão brasileira da música é interpretada por Ximbica e a drag queen Nanny People. E é um sucesso na internet. Foram mais de 50 mil acessos apenas no dia de lançamento do clipe, número significativo para o site. Agora, passam de 270 mil. A brincadeira foi elogiada pelos fãs e até mesmo pelo Governo de São Paulo, por conscientizar as pessoas sobre atender o celular ao volante. Nela, a cantora reclama do "bofe escândalo", e pobre, que conheceu. "Me liga daqui a pouco/ Eu to vendo a CET/ Não liga a cobrar, eu não vou atender você", cantam as duas, referindo-se à Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, responsável pelas multas na capital paulista.
Nesta sexta-feira (16/4), Ximbica vai se apresentar em Brasília na boate Drops Music Bar, com expectativa de casa cheia. "Ela é uma mistura do que chamam de trash com pop. O popular que diverte as pessoas e sempre desperta vontade de dançar", garante a produtora Andie.
Por trás do X
Para quem nunca ouviu falar em Ximbica, o sucesso inesperado é recente. A carreira no YouTube deslanchou em outubro do ano passado, com o lançamento do videoclipe Ximbication, a versão brasileira para a canção Celebration, da rainha do pop Madonna. O site registrou mais de 845 mil acessos ao vídeo.
O nome com X é inspirado na rainha dos baixinhos, Xuxa Meneghel. A criação da personagem Ximbica começou com uma brincadeira. Uma empresa de São Paulo, contratada pelos criadores do jogo The Sims, queria montar um programa infantil nos moldes da loira global, porém, politicamente incorreto. Foi assim que em uma reunião, a webdesigner Lia S.T. (que não revela o sobrenome por uma cláusula em seu contrato) acabou sendo escolhida para interpretar a apresentadora do programa Ximbica Xou, que contava ainda com as ximbiquetes, semelhantes ao grupo de dançarinas de Xuxa, as paquitas.
Além do programa, dois vídeoclipes foram feitos: Ximbica na TV, cover de Ilariê, de Xuxa, e também Vou de Táchi, paródia do maior sucesso de Angélica. "Muita gente começou a pedir os vídeos na íntegra e colocamos no ar, os fãs adoraram e o sucesso começou", conta o produtor musical Marcello "MM", que criou a personagem. Segundo ele, os pedidos chegavam pelo Orkut, Twitter e blogs.
Logo em seguida, as piadas vieram embaladas no pop internacional. Libera a saída>/i> tem como inspiração a música Obsessed, de Mariah Carrey. Com Ximbication, no qual a loira, em trajes de gosto duvidoso e batom fora do limite labial, instiga uma rixa com Stefhany (Crossfox), que também ficou famosa pelo YouTube. "Essa aí já está enterrada, a gente até já mudou de música e estamos agora telefonando", brinca Lia.
Mais de 5 minutos
Ximbica apresenta fôlego. Com clipes elaborados e letras bem casadas ao ritmo original das melodias, tem conseguido manter-se na mídia. "A gente não esperava que fosse cair na graça do povo. E quando percebemos, decidimos correr atrás. Para dar certo não tem fórmula, mas para manter o sucesso, existe sim, e é isso que estamos tentando fazer", diz Marcello "MM".
No início desta semana, os quatro videoclipes de Ximbica somavam, juntos, quase 2 milhões de acessos na internet. É um fenômeno que conta até com comunidades de fãs no orkut. O estudante Thalyson Primo, que também gosta das cantoras americanas que inspiram Ximbica, vê nela uma nova diversão. E a classifica: "ela é uma diva internacional-pouco-quase-mundial-futuro-conhecida", brinca.
A personagem é requisitada. Além da presença em diversos programas da tevê aberta, a agenda de shows está lotada. "Ela já se apresentou no interior de SP e na capital, Rio de Janeiro, vamos ter dois shows em Brasília, depois Salvador, Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre", detalha Lia. O cachê da loira pode chegar até R$ 3.5 mil e entre as músicas há ainda algumas autorais como o Hit da calça e Não me gonga.
Atualmente, Lia se divide entre a vida de webdesigner na capital de São Paulo e a Ximbica. "Tem hora que é loucura. No começo do ano com gravação do clipe, montagem de show, apresentação aqui e ali foi uma correria. E agora vamos colocar o pé na estrada". Os clipes estão cada vez mais caros. O Libera a saída custou R$ 1 mil e Telefone, R$ 3 mil. "Ninguém recebe cachê, todos são voluntários, mas com o sucesso todo, isso está começando a mudar. Mas esperamos gastar R$ 4 mil no próximo clipe", esclarece Marcello "MM".
Lia
A webdesigner Lia é paulista e diz adorar o pop. Ela não esperava a fama, mas diz que só é reconhecida quando está vestida como Ximbica. "Até hoje nunca me pararam na rua", garante.
O grupo de criação dos sucessos da cantora ainda não sabe qual será o próximo hit de Ximbica. "Estamos ouvindo nossos fãs e vendo o que eles querem. Pode ser um pop a lá Britney Spears ou alguma coisa Country ao estilo Shania Twain ou até Vítor e Leo", diz Marcello, que espera lançar o próximo clipe em julho.
Sobre o tom narcisista em suas músicas? Ela esclarece com bom humor: "alguém tem que me achar linda. Não posso ficar esperando os fãs gritarem ;linda, gostosa;, por isso eu já me acho".
Confira os últimos vídeoclipes de Ximbica:
Serviço
Drops Music Bar (Park Sul, Via Epia) a partir de 2h30 da madrugada de sexta para sábado (16/04).
R$15 com flyer até 0h30
R$20 com flyer até 2h
R$25 sem flyer ou após 2h