Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

A peça As invejosas une um trio parada dura do teatro brasiliense: Alexandre Ribondi, André Reis e Sérgio Sartório

O encontro de três gerações só podia dar em risada. Mas com muita profundidade, diga-se. Eles são todos atores, do palco e da telona. E mais: um escreve, um produz e outro dirige. E juntos descobriram a máxima: "Elogio não paga conta. É possível fazer um bom espetáculo e receber por ele". Por isso, uniram a comédia - que dá lucro a valer nos dias de hoje - com a maestria de um bom e instigante texto. Com 40 anos de carreira completados neste ano, Alexandre Ribondi, 57, se juntou a André Deca, 39, e a Sérgio Sartório, 31. O trio cruza as coxias dos teatros brasilienses há tempos. E também se esbarraram vez ou outra no tablado. Mas, há um ano, solidificaram a ideia de trabalhar juntos pela arte local. Criaram a Cia. Plágio de Teatro e estreiam a primeira peça hoje. Até 11 de abril, aos fins de semana, As Invejosas - texto e atuação de Ribondi, direção de Sartório e produção de Deca - será a peça residente do Teatro da Escola Parque (307/308 Sul). Montado há 10 anos, o espetáculo traz hoje traços do cenário político de Brasília. Pig Leitão, a mulher do político - e interpretada por Ribondi - contracena com a manicure Pururuca - por André Reis, que canta rap ao vivo -, que sabe do passado da cliente e está ali não à toa, mas para se vingar. Sartório teve a ideia: trocar a mulher do senador (no original) pela mulher do governador. "A gente não dá ponto sem nó", brincou Ribondi. "É uma comédia cheia de críticas. Mostra que o mau-caratismo não tem classe social", conta Sartório. "É pop, divertida e atual, que fala também de corrupção e poder. Que as classes alta e a baixa podem se unir contra o país. Uma faz por dinheiro e a outra, para sobreviver", acrescenta Ribondi. E foi na peça de estreia que o trio apostou as fichas naquilo que pretende seguir com a companhia. "Além de fazermos um produto cultural, queremos fazer dele um produto comercial. Minha geração aprendeu que ganhar dinheiro com arte é ruim, feio. Porém elogios não pagam as contas", reafirma Ribondi. As Invejosas é apenas a primeira de uma lista de produções que já inquietam os atores. Ao longo do ano, o trio pretende reavivar espetáculos. "O repertório já existe e é um absurdo perdermos acervo, figurino, texto. A Cia. também quer recuperar parte desse repertório", disse Ribondi. E os projetos não param. Com estreia e nova parceria firmada, os três ainda se juntaram em outra aventura: uma homenagem aos 40 anos de carreira de Ribondi. "No ano em que Brasília comemora 50 anos e Ribondi, 40 de teatro, não poderíamos deixar passar em branco", conta Deca. Resultado: está prevista, para a primeira semana de maio, a Mostra Ribondi 40 com três espetáculos: Homem de Buenos Aires, Cru e As Invejosas. "De repente, você acorda e lá se vão 57 anos de vida e 40 de teatro. Mas cada peça é como se fosse tudo outra vez. Eu estou só começando a fazer teatro", disse Ribondi. AS INVEJOSAS Teatro da Escola Parque (EQS 307/308 sul) Sextas e sábados, às 21h, domingo, às 20h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) - doadores de 1kg de alimento não perecível pagam meia. Ingressos antecipados, com desconto, na Cult Vídeo (204 Sul ). Classificação indicativa: 14 anos