A noção de complemento é potente, quando se trata da primeira montagem (nas Américas) baseada no best-seller (1) As pontes de Madison (de Robert James Waller), já levado ao cinema pelos astros Clint Eastwood e Meryl Streep. ;Há o retrato de uma confluência única na vida, com forte sincronia entre o casal protagonista. A história é muito delicada: há a sensualidade de um encontro de almas, mas sem ser piegas;, observa a diretora Regina Galdino (de Intimidade indecente), ao sintetizar a peça encenada desde julho passado (em São Paulo) e que chega à capital antes de alcançar o Rio de Janeiro.
;Quem assistiu ao filme buscará uma linha de comparação, mas a estrutura da encenação teatral é muito diferente; não fico aterrorizada, nem tento me comparar a Meryl Streep;, conta a atriz Denise Del Vecchio. Por quase uma hora e meia, ela dá vida a uma dona de casa envolvida pelo sedutor fotógrafo Robert, papel feito por Marcos Caruso. ;Os protagonistas são dois ficantes, e a juventude vê que pode haver uma luz ao fim do túnel: existe um verdadeiro amor. Os jovens refletem e os mais velhos se comovem;, avalia o ator.
Com dois meses de ensaio, Denise (que substitui Jussara Freire) se surpreende com a demanda da personagem Francesca. ;Não costumo fazer espetáculos tão realistas;, enfatiza a atriz. ;Em 37 anos de carreira, é meu primeiro drama romântico no teatro. Quanto mais assisti ao filme, mais me distanciei dele, que traz certa frieza e racionalidade próprias do povo americano. Acho que somos mais passionais;, comenta Caruso.
Denise Del Vecchio conta que o público feminino, ;encantado pelo carisma do Caruso, não se conforma com a possibilidade de a protagonista não ficar com Robert;. ;Francesca e Robert vivem a maturidade, sem a sexualidade em primeiro plano, e estão num momento de questionar escolhas ;, ele, divorciado, procura uma ponte encoberta e ela ensina o caminho;, explica a diretora Regina Galdino.
Transcorrida em 1965 e em dois momentos de 1987, a trama tem como fio condutor a interação dos irmãos Carolyne (Luciene Adami) e Michael (Paulo Coronato), que leem passagens do diário escrito pela mãe Francesca, inconformada com o fato de os filhos não conhecerem sua riqueza emocional.
1 - Escrito em duas semanas
As pontes de Madison foi escrito em 1992, em apenas duas semanas, por Robert James Waller, um professor de economia e de matemática aplicada (além de músico e fotógrafo). O texto repercute os quatro dias essenciais na vida de um casal de ocasião. Com a família em Illinois, Francesca, no condado de Madison (Iowa), deve optar pela alegria junto ao fotógrafo Robert (da revista National Geographic) ou pelo aconchego da família. Escrito sob o ponto de vista de Robert, o texto, que sobrepuja conceitos morais, tem como coordenada essencial a Ponte Roseman.
AS PONTES DE MADISON
Direção: Regina Galdino. Com Marcos Caruso, Denise Del Vecchio, Luciene Adami e Paulo Coronato. No Teatro 1 do CCBB (SCES, Tc. 2). Amanhã, às 21h, e domingo, às 20h. Até 21 de março. Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3310-7087.