Quer realmente conhecer um lugar? Não se esqueça de ir a museus, igrejas, praças e demais pontos turísticos. Mas, sobretudo, não deixe de visitar o mercado da cidade, síntese da cultura, da história, dos sabores e tradições de um povo. Pelo menos essa é a dica do fotógrafo mineiro Cyro José Soares, que acaba de lançar o livro Mercados do Brasil ; De norte a sul (Editora Autêntica).
A publicação traz belíssimas fotos de 10 mercados do país acompanhadas de textos de um jornalista de cada lugar. ;Tudo que acontece na cidade se passa no mercado. É nele que está a cultura e os costumes de cada região.Fala-se de política, de história, de futebol. Para se conhecer verdadeiramente um lugar, tem que se passar pelo mercado desse lugar. E, além de tudo, é um espaço extremamente democrático;, destaca Cyro, que começou a fotografar há 25 anos.
Em suas andanças Brasil adentro, o fotógrafo mineiro registrou os mercados Adolpho Lisboa (Manaus), São José (Recife), Modelo (Salvador), do Porto (Cuiabá), Mercado Público (Florianópolis), Municipal (São Paulo), Público Central (Porto Alegre), a Feira de São Cristóvão (Rio de Janeiro), Ver-o-Peso (Belém) e o Mercado Central (Belo Horizonte).
Exóticos
O de Belo Horizonte e o de Belém foram os que mais chamaram a atenção de Cyro. O de Belém, por seus produtos exóticos, e o da capital mineira, pela sua diversidade. ;Pode parecer bairrismo, pelo fato de eu ser mineiro, mas de todos que eu visitei, o mercado de BH é o que conta com a maior variedade de produtos. Você encontra tudo mesmo o que quiser. Em nenhum outro lugar vi isso. Até gente de outras cidades, veio me falar dessa síntese que é o Mercado Central. Já em termos de beleza e de produtos exóticos, até porque ele está próximo à Amazônia, ninguém supera o de Belém;, revela Cyro Soares.
Um aspecto comum que chamou a atenção do fotógrafo foi o lado familiar dos mercados. Segundo Cyro, vários donos de bancas são parentes e, quando se aposentam ou morrem, acabam deixando esse legado para os filhos. ;O pai tem uma banca, aí a do lado é do filho, a outra é do irmão. E tem casos de gente há 50, 60 anos com a mesma banca que herdou do avô, do pai. É bem interessante. Não é uma coisa que se vê no comércio de rua. Por isso eu digo que o mercado é uma grande família;, sintetiza.
Um modelo brasiliense
Apesar de não fazer parte do livro do fotógrafo Cyro Soares, a capital do país também tem o seu mercado. Há três anos, o empresário Jorge Ferreira decidiu apostar na revitalização de uma das principais avenidas comerciais de Brasília, a W3, e criou o Mercado Municipal, na 509 Sul (foto ao lado). Com uma arquitetura inspirada no Mercado de Paris, localizado em Les Halles, que foi demolido em 1968, o empreendimento prima sobretudo pela gastronomia e diversidade de produtos . ;Toda cidade que eu visito, o primeiro lugar que eu vou é o mercado. É lá que acontece a cidade. Por isso, decidi abrir aqui em Brasília este espaço;, revela Jorge, que ainda presta consultoria para construções de mercados semelhantes em várias regiões do país.
O local tem 1,3 mil metros quadrados e impressiona pela decoração que lembra os armazéns de antigamente, com produtos pendurados e expostos, como queijos de todos os tipos, defumados, massas, pães, peixes, carnes e temperos. Isso sem falar na adega de vinhos, loja de móveis e tabacaria. Além das bancas de produtos, o espaço conta com um bar que oferece no cardápio desde o tradicional pão com mortadela acompanhado de um chopinho até um bacalhau servido com um legítimo vinho português.
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