Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Programa É tudo improviso reúne talento e humor

Os 3 pontos de ibope na estreia de É tudo improviso - apresentado às segundas-feiras, às 22h15, na Band - podem parecer muito pouco. Mas não são melhores ou piores do que a audiência de Perdidos na noite, programa que um repórter de rádio chamado Fausto Silva passou a apresentar na TV Gazeta em 1984, quando os dinossauros ainda caminhavam sobre a Terra. O que têm em comum? Talento, humor e improviso. O primeiro dos programas do Faustão virou cult, ele ganhou fama e, anos depois, acabou indo para a Globo. O resto é história. O que interessa é que tanto o extinto Perdidos... quanto o recém-nascido É tudo improviso prescindem de grandes produções e apostam no acaso, esse grande inimigo do mundo produzido e cronometrado da televisão. A base do novo programa da Band, que fica até março no ar - quando oCQC e sua média de 5 pontos voltam de férias - é teatral. Com um elenco formado pelo ator Marcio Ballas e os grupos Os Barbixas, de Anderson Bizzocchi, Daniel Nascimento e Elídio Sanna, As Olívias - Cristiane Werson e Marianna Armellini -, e Jogando no Quintal, de onde veio Marco Gonçalves, o humorístico não esconde a natureza mambembe de seu espetáculo. Riem a qualquer momento, erram o tempo todo e deixam claro que nem tudo o que dá certo no palco se acerta na tevê. Como a direção de Tadeu Jungle não sabe direito para onde ou como a ação vai se desenrolar, ele enquadra a trupe em planos geral e americano e deixa a piada correr solta. A edição seleciona o melhor. Por enquanto o É tudo improviso fica na categoria do "ame-o ou deixe-o", com muitos fãs detestando a mudança dos Barbixas do Quinta categoria, da MTV, para a Band, enquanto muitos outros adoraram as brincadeiras na tevê. A matriz de tudo isso são as rádios inglesas, com programas como Whose line is it anyway?, que depois foi para a tevê e se multiplicou em dezenas de programas parecidos em meio mundo. O humorista Drew Carey - do Drew Carey show - comanda na rede ABC a versão norte-americana de Whose line is it anyway?. A despeito de qualquer problema de adaptação para a nova mídia, É tudo improviso renova-se a cada quadro e não se repete nos bordões que marcam os humorísticos tradicionais da tevê. É um humor ingênuo, simpático e que não apela para os manjados personagens gays, maridos traídos ou para palavrões. Escorregar numa casca de banana é coisa para grandes mestres.