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Na contramão dos telejornais, o Em cima da hora traz um homem na previsão do tempo

Quando criança, o paulista Giovanni Dolif tinha como hobby ficar observando as variações do clima. Aliás, um dos seus programas de tevê prediletos era o de previsões do tempo. "Falta do que fazer, né? (risos). Mas é verdade, eu morava na Itália, onde apenas aos militares era permitido fornecer previsões de tempo naquela época. Sendo assim, em vez de uma garota agradável aos olhos, a informação era dada por um militar fardado em todos os telejornais. E eu ficava assistindo", relembra o hoje bacharel e mestre em meteorologia, que há um mês faz links ao vivo, diariamente, no telejornal Em cima da hora, às 18h, na Globo News. Giovanni, 31 anos, faz as previsões diretamente do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), onde trabalha, e não em estúdio, como na maioria dos telejornais. Fator esse, que segundo ele, ajuda a dar mais credibilidade a seu trabalho. "Aqui no Inpe temos a maior concentração da América do Sul de meteorologistas e de pesquisadores. A previsão do tempo é feita por um grupo de meteorologistas de diferentes partes do Brasil. O conhecimento regional de cada um agrega valor e qualidade à previsão. Por fim, estão à minha disposição, para serem usados de acordo com a necessidade, uma grande quantidade de dados. E só no Inpe existe uma disponibilidade tão grande de dados e produtos. Por isso, a importância de fazer o link daqui mesmo", explica. Desde que estreou na tevê, ele vem sendo conhecido como o "moço do tempo". E acredita que, apesar de ser agradável assistir a mulheres belas falando sobre o clima, o telespectador de hoje está atrás, sobretudo, de informações seguras. "Há uns 15, 20 anos, a previsão de tempo era levada muitas vezes na brincadeira, as pessoas não acreditavam muito no que ouviam", comenta. "Hoje, o público já sabe que para o dia seguinte a chance de acertar a previsão do tempo é maior que 90%. Pode-se fazer previsões para mais dias, com confiabilidade razoável. Tenho colegas aqui no Inpe e em outras instituições e empresas que divulgam a informação meteorológica na tevê com credibilidade e qualidade. É um perfil de meteorologista que tem aumentado nos últimos anos, em função da crescente demanda da sociedade por esse tipo de informação". Curiosidades Giovanni tem casos curiosos com relação às previsões do tempo. Quando sua família se mudou para a Itália, ele se interessou bastante pelo assunto e ficou impressionado ao ver como, na Europa, as estações do ano são bem definidas. Começou a estudar e a entender o tema. Uma consequência inesperada disso foi que vizinhos e parentes passaram a consultá-lo sobre as previsões, pois sabiam que ele teria a informação mais atualizada. Questionado se já houve queixas de telespectadores a respeito de previsões equivocadas, ele lembra um episódio interessante: "Telespectador nunca reclamou, mas um amigo me ligou uma vez para agradecer uma previsão errada. É que eu tinha previsto um fim de semana com chuva, o que atrapalharia o negócio de distribuição de bebidas que ele tem. Como só choveu no começo da noite e fez calor boa parte do dia, ele faturou bem mais do que imaginava e saiu no lucro", conta, entre risos.