Paixão, personagem de Priscila Sol em Viver a vida, é uma recatada estagiária. Tímida, ela nutre um amor platônico por Jorge (Mateus Solano), seu chefe e namorado de sua melhor amiga, Luciana (Alinne Moraes). Sua intérprete, no entanto, pouco tem a ver com ela. ;Eu e a Paixão somos completamente diferentes. Tento lhe emprestar meu lado introspectivo, mas sempre fui muito agitada e espalhafatosa. Se estivesse no lugar dela, eu já teria agarrado o Jorge há muito tempo;, brinca a expansiva atriz de 29 anos.
Apesar das diferenças, Priscila não hesita em defender as atitudes da personagem. E confessa que, no início da novela, ficou incomodada com a reação do público nas ruas. ;Algumas pessoas me paravam para falar que a Paixão estava traindo a amiga. Mas o amor dela é idealizado e ela sempre respeitou a amizade com a Luciana;, defende a atriz, que acredita que a estagiária ganhou mais compreensão à medida que foi crescendo na trama. E, se antes ela era repreendida, agora conta com a torcida dos espectadores. ;Muita gente tem me dado força nas ruas, incentivando a Paixão a ficar com o Jorge. É gostoso perceber como a opinião das pessoas mudou.;
A compreensão do público dá a Priscila a sensação de dever cumprido. Para a atriz, a maior dificuldade na composição da personagem está no fato de ela não ter uma característica muito marcante. Por ser um tipo comum, exige uma interpretação delicada, com nuanças trabalhadas, sem torná-la chata ou exagerada. ;Fazer uma personagem sem um conflito maior a ser explorado é complicado porque é tudo interno. Qualquer deslize toma proporções maiores. Costumo dizer que é difícil fazer o fácil;, teoriza.
As dificuldades e a responsabilidade de estrear na Globo ; e ainda por cima em uma novela das oito de Manoel Carlos ; em momento algum assustaram Priscila. Essa segurança foi conquistada ao longo de 10 anos de carreira, durante os quais ela fez cursos no exterior e participou de filmes, peças e campanhas publicitárias. ;Fiquei muito emocionada quando soube que trabalharia em uma novela do Maneco, mas não tive medo;, afirma.
A emoção a que se refere também é fruto da alegria de conseguir um papel na Globo após vários testes na emissora. A atriz, que estreou na tevê na pele da rebelde Renée Cassoulet de Água na boca, exibida pela Band em 2008, já vinha tentando um papel na Globo há algum tempo. ;Cheguei a fazer vários testes, mas sempre batia na trave;, conta.
Com Viver a vida, não foi diferente. Priscila, na verdade, fez testes para interpretar Mia, personagem de Paloma Bernardi. As atrizes, que são amigas de longa data, foram juntas fazer os testes para o papel, que acabou ficando com Paloma. ;Uma semana depois me ligaram convidando para fazer uma personagem menor, mas que tinha o nome mais bonito da trama. Tem jeito melhor de começar do que interpretando uma pessoa chamada Paixão?;, brinca a atriz.