Nova York - O lançamento no dia 17 de novembro de um livro inédito de Vladimir Nabokov gera polêmica 32 anos depois da morte do escritor russo, autor do famoso romance Lolita.
O filho único do escritor, Dmitri, de 75 anos, hesitou durante 30 anos antes de confiar a obra ao agente literário Andrew Wylie, que negociou os direitos em 2008 com a Knopf/Random House nos Estados Unidos e a Penguin na Grã-Bretanha.
Guardado no cofre forte de um banco em Montreux (Suíça), onde Nabokov morreu em 1977, o manuscrito O original de Laura - título completo de uma obra incompleta - foi alvo de apaixonados debates em várias conferências e artigos que continuam sendo feitos sobre um dos maiores escritores do século XX.
Nascido em São Petersburgo em 1899 e emigrado quando aconteceu a revolução de 1917, ele escreveu primeiro em russo e depois em inglês, a partir de 1941.
O professor de literatura russa da Universidade de Cornell, Gavriel Shapiro, destaca que o escritor quis queimar o rascunho de "Lolita", o romance que o tornou mundialmente famoso em 1955.
Foi a viúva de Nabokoc, Vera, que salvou "Lolita" das chamas, assim como impediu que "Laura" fosse queimado.
Em uma entrevista encontrada nos arquvos da BBC, Vladimir Nabokov explica que as fichas de cartolina nas quais escreveu a obra não são capítulos complestos. "Depois vou preenchendo os vazios", acrescentou. Esse procedimento de escrita progressiva, feita através de pequenos retoques, serve de argumento para quem critica a publicação da obra incompleta.
O argumento de 'Laura' também foi alvo de muitas especulações. Alguns asseguram que o sexo está mais presente do que em "Lolita", romance que relata a obsessão de um homem maduro por uma menina de 12 anos.
O livro foi levado ao cinema por Stanley Kubrick em 1962 e Adrian Lyne, em 1997.
"Segundo Dmitri, o livro inédito conta, "em parte, a história de um neurologista brilhante, mas fisicamente pouco atraente, deprimido pela infidelidade da esposa mais jovem e que pensa em cometer suicídio".