Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

O brasiliense Leonardo Cioglia mistura temperos mineiros e do cerrado num caldeirão jazzístico de muita sonoridade

Leonardo Cioglia nasceu em Brasília, é filho de mineiros e mora em Nova York há mais de duas décadas. A mistura de culturas foi fundamental para gerar Contos, CD que o contrabaixista apresenta hoje em show na Funarte. Cada uma das 10 faixas nasceu de inspiração brasileira mesclada às referências jazzísticas tradicionais norte-americanas. Cioglia deixou o Brasil aos 17 anos para estudar no Berklee College of Music, em Boston (Estados Unidos), uma escola conhecida pelo ensino da música popular e pelo acolhimento de estudantes do mundo inteiro. Um verdadeiro caldeirão de ritmos amarrados por uma base comum fincada na música tradicional americana. Estudar jazz era o objetivo de Cioglia, que acabou ficando por lá. Quando resolveu gravar Contos, decidiu que incluiria apenas composições escritas de próprio punho. "São temas basicamente da minha realidade como estrangeiro nos Estados Unidos, mas com raiz muito forte aqui, especialmente a raiz de Minas. Meus avós todos eram mineiros, exceto um avô italiano, que era músico. Vários dos temas do disco são homenagem a esse meu passado", conta. Pontos cardeais traz a inquietude quanto às origens e Planalto Central foi construída em torno de melodia que paira na cabeça do contrabaixista desde a adolescência. A família é tema de quatro faixas. Contos, Santa Maria, Olhos d%u2019água e Filhos do pequi, escrita com base no ritmo da congada mineira, estão cheias de referências especialmente ancoradas na vida rural dos avós do músico. Improviso Cioglia trouxe o Brasil para Contos, mas queria a pegada jazzística do improviso. Foi então buscar músicos como John Ellis (saxofone), Mike Moreno (guitarra), Aaron Goldberg (teclado), Stefon Harris (vibrafone) e o mexicano Antonio Sanchez (bateria), o único não americano do grupo. "As minhas raízes são brasileiras, especialmente daqui de Brasília, mas a linguagem do jazz é um elemento forte na minha música", avisa. O show de hoje não conta com a banda completa. Da formação original de Contos, apenas o guitarrista Mike Moreno sobe ao palco da Funarte. Os outros músicos são velhos amigos e convidados especiais selecionados por Cioglia. Rafael Barata fica encarregado da bateria; Bruno Medina, do saxofone, e Moisés Alves, do trompete. "Ele é o elo perdido do jazz brasiliense para mim", conta Cioglia. "A gente tocava junto quando eu estava começando." Os vocais ficaram reservados para Indiana Nomma e o repertório também não fica restrito às faixas de Contos. LEONARDO CIOGLIA Hoje, às 21h, na Sala Funarte Cássia Eller (Complexo Cultural Funarte). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Ouça trecho da música Planalto Central