Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

O anfiteatro do Complexo Esportivo do Bezerrão, no Gama, foi inaugurado com a programação de três dias de shows do Festival de Música Popular da cidade

A 25ª edição do Festival de Música Popular do Gama (FMPG) será lembrada por um motivo especial: a inauguração do anfiteatro do Complexo Esportivo do Bezerrão onde, entre a última sexta-feira e domingo. Por lá, passaram 14 atrações convidadas e 26 artistas participando da mostra competitiva. Este ano, o encontro musical aproveitou para chamar a atenção do público quanto à revitalização do Parque Recretivo do Gama (local conhecido como Prainha). "É um dos lugares mais bonitos aqui das redondezas e atualmente a comunidade não pode usufruir dele, já que está poluído", comentou Márcio Vieitez, organizador do FMPG. O festival nasceu em 1979 com o objetivo de trazer alegria para a população do Gama. "Naquele ano, um amigo nosso foi morto. Criamos então o evento para mudar de clima, afastar a tristeza que pairava sobre as pessoas", conta Márcio. O evento foi se configurando como uma tradição local ao longo das edições seguintes - que mantiveram a proposta de uma programação que privilegiasse a música popular brasileira, mas sem deixar de lado outros estilos. "Geraldo Azevedo, Xangai, Celso Blues Boy, Belchior, Renato Russo e Capital Inicial são alguns dos nomes que passaram pelo Gama nas últimas décadas a nosso convite", lista Vieitez. "Fazer cultura nas cidades-satélites é muito difícil. Independentem de qualquer coisa, matemos a resistência", continua. A edição 2009 do FMPG recebeu 97 inscrições de músicas, das quais 26 foram selecionadas pela comissão avaliadora. São composições de artistas do Distrito Federal e também de outros estados. Caso do carioca Rodrigo Ferreira. Aos 28 anos, eles está terminando o curso de gerência na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Descobri o festival pela internet. Considero esse tipo de evento uma oportunidade para sair do Rio e mostrar as minhas músicas em outras cidades. O prêmio oferecido para os primeiros lugares também é um atrativo", avalia. As etapas eliminatórias, com 13 candidatas por dia, foram realizadas na sexta e no sábado. No primeiro dia do festival, que reuniu aproximadamente 2 mil pessoas, a noite foi encerrada com shows do cantor mineiro Paulinho Pedra Azul e da banda Raimundos. Sábado, dia com o público estimado em 1.500 presentes, o encerramento ficou por conta da dupla sertaneja de raiz Zé Mulato & Cassiano. No domingo, as 12 classificadas se apresentaram outra vez, diante de uma plateia de 400 pessoas. Os cantores Carlinhos Piauí, Valter Trote e as bandas Game Over e Plebe Rude fecharam a noite - que, com o atraso causado pela chuva, só ouviram soar seu último acorde às 2h30 de segunda. Com um som que mistura influências do rock pesado e elementos da música regional brasileira, a banda A Muringa foi a grande vencedora do festival, levando três troféus: primeiro lugar nas escolhas do júri (prêmio de R$ 2 mil) e o público e ainda melhor interpretação com a composição Ligeiro. O segundo lugar foi para a música Montanha sagrada, da banda Reggae a Semente, e o terceiro para Glória, da banda Casacasta. Espaço novo Mas talvez o grande sucesso do festival tenha sido a inauguração do Anfiteatro do Bezerrão, já que o novo espaço - com capacidade para 5 mil pessoas, sendo 2 mil sentadas - vai ao encontro aos anseios da comunidade de uma das mais antigas cidades do DF (assim como Brasília, o Gama tem 49 anos de idade). Nascida na cidade e pela primeira vez participando de uma edição do encontro, a estudante Rosemeire Rodrigues, 29 anos, comenta que, mesmo com chuva, o espaço é importante. "Se fosse coberto seria melhor, mas não se pode reclamar, até pouco tempo atrás não tínhamos um lugar legal para receber shows assim na cidade. É um espaço ideal para a galera que tem banda", destaca. Também marinheiro de primeira viagem, o estudante de ciências da computação Starlone Oliveira Bastos, 21 anos, achou interessante as dependências do anfiteatro. Admitiu que não conhecia o lugar e defendeu a boa utilização do local. "Espero que seja muito bem aproveitado, a cidade precisa de espaços como estse já que não temos nem teatro", reclama. "Com esse anfiteatro, podemos fazer apresentações para um número maior de pessoas. Nos poucos palcos que existem na cidade, a capacidade é muito pequena", comentou Giancarlo Souto, 36 anos, jurado da competição, músico e integrante do grupo de teatro de bonecos Trotamundus.