Uma das idealizadoras da Mostra Dulcina, encontro teatral que há mais de 10 anos anima a cidade, a atriz Daniela Gonçalves debruça-se sobre novo projeto na área. Trata-se do Arte e Estética que, de hoje a domingo, apresenta três performances no Espaço Cultural Mosaico. Segundo a artista e curadora da mostra, o objetivo é promover o intercâmbio entre artistas e o público por meio da acessibilidade de espetáculos representativos. A entrada é franca. ;Este primeiro encontro acontece em caráter de experimentação. É apenas um piloto para um projeto maior que pretendemos desenvolver, a mostra de monólogos;, antecipa Daniela. ;Mas mesmo em fase experimental, o Arte e Estética surge na cena artística da cidade como pretexto para promover essa troca de informações. Oportunidade de discutir a política cultural, tudo isso de uma maneira bem próxima, já que o espaço é pequeno;, ressalta.
Um dos destaque do encontro é a atriz paulistana Juliana Galdino, recentemente indicada ao Prêmio Shell de Teatro de São Paulo de melhor atriz pelo espetáculo Comunicação a uma academia, em cartaz na mostra, no sábado e no domingo. ;O Prêmio Shell é um dos mais importantes do teatro brasileiro. É sempre uma honra ser indicada a um prêmio desses e ainda mais concorrendo com atrizes que sempre admirei e nas quais me espelhei. Já me sinto contemplada;, diz Juliana, que disputa com Fernanda Montenegro e Betty Faria.
Com adaptação e direção de Roberto Alvim, a partir de texto do autor tcheco Franz Kafka, a montagem questiona o processo de degradação pelo qual passa o ser humano, a partir da figura de um macaco que tem estranho relato a fazer. ;A obra de Franz Kafka configura uma metáfora terrível acerca do processo por meio do qual alguém abdica de sua singularidade, e se torna o que não é, apenas para ser aceito. Assim, a tragédia do macaco espelha a nossa tragédia nestsa era de aculturação global. O texto nos pareceu tão urgente e relevante nos dias que correm que foi incontornável encená-lo;, observa atriz, que vive o primata em cena.
A dramatização bastante original de clássico texto do dramaturgo inglês William Shakespeare Sonho Macbeth, atração de hoje e amanhã na programação da mostra, aponta uma discussão cênica performática tendo como referência projeções de imagens abstratas e o corpo dos atores. ;O principal foco do Arte e Estética é explorar ao máximo o trabalho do ator, levá-lo à cena até porque o teatro é uma linguagem que especificamente evidencia o texto e o esforço do artista;, destaca Daniela Gonçalves.
Quinta e sexta, é a vez de o público conferir o monólogo mineiro Olympia, dramatização da fascinante trajetória da peregrina Olympia Cotta, mulher de espírito inquieto que ajudou a projetar no Brasil e no exterior a imagem da cidade histórica de Ouro Preto. Escrita por Guiomar de Grammont, a peça convida o espectador a embarcar numa viagem pontuada por memórias e causos que ajudam a ilustrar a história da cultura mineira.
ARTE E ESTÉTICA
De hoje a domingo, às 20h. no Espaço Cultural Mosaico (714/15 Norte). Entrada Franca. Hoje e amanhã, Sonho Macbeth; quinta e sexta ; Olympia; sábado e domingo, Comunicação a uma academia. Todos os espetáculos não recomendados para menores de 14 anos.