O estilo marrento e autoconfiante exibido em cena chega a dar um susto na plateia nos segundos iniciais. Mas logo no primeiro gesto, as pessoas, já hipnotizadas, são convidadas a entrar num mundo de magia e graça construído pelo argentino Toto Castiñeiras, um das principais atrações de Quidam, espetáculo do Cirque du Soleil que fica em cartaz na cidade até o dia 11 na cidade. Na companhia canadense desde 2004, o artista, de 35 anos, tem plena consciência da grande responsabilidade que carrega nas costas quando pisa no picadeiro de um dos maiores circos do planeta, personificando figura que representa a alma circense: o palhaço. ;A risada no circo é importante porque é um espetáculo onde a tensão é grande;, comenta. ;A presença do clown é bastante valorizada nos espetáculos. Os palhaços são o coração do circo;, destaca.
[SAIBAMAIS]Filho de pai músico e mãe bailarina, não foi difícil para Castiñeiras saber o que queria ser profissionalmente. A carreira começou aos 14 anos, na cidade natal de Mar del Plata, localizada a 400km da capital Buenos Aires. As primeiras experiências nasceram com um grupo de teatro de rua, onde aprendeu algumas artimanhas para fazer rir. ;Segredos que até hoje aplico ao meu trabalho;, conta. A persona do clown entrou definitivamente em sua vida em 1995, quando colocou um nariz de palhaço. ;O trabalho de humor sempre esteve comigo, muitas vezes tendia a fazer as pessoas rirem mais do que chorar, porque sempre esteve comigo esta dualidade do ator cômico, que balanceia a comédia com a tragédia;, observa.
Ao contrário da maioria dos artistas que fazem parte da companhia, a oportunidade de integrar o grupo circense que há 25 anos encanta o mundo caiu quase que por acaso no caminho do argentino. Na contramão dos colegas, Castiñeiras não precisou batalhar muito para conquistar uma vaga na trupe. Na verdade, só com a sorte, ao ser pescado por olheiros do Cirque du Soleil, hipnotizados por número de sucesso do artista num dos teatros mais populares de Buenos Aires. ;Nunca pensei em trabalhar no Cirque. Um dia, um grupo ligado à companhia foi até o meu camarim e perguntou se eu estaria interessado em trabalhar para eles;, recorda. ;Em 15 dias, estava pronto para começar as atividades.;
Tímido e introspectivo quando desnudado pela maquiagem e das luzes do picadeiro, Castiñeiras, que realiza oficinas de improvisações para os artistas e equipe da companhia, desenvolve uma faceta completamente endiabrada, quase cínica, quando entra em cena. Norteado pela pantomima, os dois números apresentados em Quidam pelo artista contam com a interação total do público. Atrevido, já teve que dar satisfações a um noivo ciumento no meio da apresentação. Usou como única defesa a improvisação. ;Nos amamos e odiamos em determinados momentos, mas no final tudo termina bem. Damos as mãos e ficamos amigos para sempre;, brinca.
QUIDAM
Até o dia 11 no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Capacidade para 2.600 pessoas por show. Duração de 150 minutos com intervalo de 30 minutos. Quinta e sexta, às 21h, sábado, às 17h e 21h, e domingo, às 16h e 20h. Todos os ingressos com descontos de R$ 100. Locais de vendas na Fnac (Parkshopping) e Brasília Shopping. Preços: premium tapete vermelho (área vip e open bar) a R$ 680 e R$ 435 (meia); premium a R$ 490 e R$ 245 (meia); setor 1 a R$ 420 e R$ 210 (meia); setor 2 a R$ 350 e R$ 175 (meia) e setor 3 a R$ 230 e R$ 115 (meia). Central de vendas: 4004-3100. Não recomendado para menores de 13 anos. Menores de 13 anos acompanhados dos pais ou responsáveis.