Aos 50 anos, Zeca Pagodinho lança o 20º disco
Diversão e Arte

Aos 50 anos, Zeca Pagodinho lança o 20º disco

Jorge Ben Jor entrou no show de Zeca Pagodinho na hora de Ogum (veja treiller ). Chegou quase no fim da música, a 11; do roteiro. Cumprimentou o anfitrião cabeça com cabeça, fez a Oração de São Jorge e antes de sair do palco do Citibank Hall, no Rio, ganhou um demorado abraço do amigo. Zeca puxou o coro (;teteteteretê, teteteteretê;), a plateia entrou na onda. E não é que Jorge voltou? ;Fá sustenido!”, pediu, dando a nota de Taj Mahal aos músicos. Zeca adorou. ;Isso não estava combinado;, ele ria. ;Show tem que ser assim, ninguém combina nada e ;vambora;.;

Gravado em 10 de julho, com a participação de Ben Jor, Almir Guineto e a Velha Guarda da Portela(1), Uma prova de amor ao vivo, que chega às lojas esta semana, é o terceiro espetáculo de Zeca Pagodinho registrado pela MTV e lançado em CD e DVD pela Universal Music. Os dois anteriores, da série Acústico, foram feitos em 2003 e 2006, naquele bem-comportado formato do banquinho (embora ele não tenha respeitado as regras o tempo todo). Este, não. Era para ser um show como os outros dele. E foi. Ainda que a presença das câmeras o tenha deixado mais contido do que o habitual. ;Manera, mané, manera;, brincava o cantor no palco, preocupado com o seu, digamos, ;lado B;.

Pois é, aos 50 anos, com o 20; disco na praça (o primeiro saiu em 1986), o sambista mais popular do país diz que sofre com a dupla personalidade: o Zeca de casa, pai de quatro filhos, e o Zeca da rua, do palco, maluco. ;É difícil lidar com os dois. Quando o da rua vem, me deixa dois dias de ressaca. É um problema;, conta, em entrevista por telefone. E ele vem bastante? ;Ah, ultimamente, não. Está suspenso. Andava muito violento. Quero dizer, violento na orgia, né?;

Desde que se mudou do sítio em Xerém (Baixada Fluminense) para a Barra da Tijuca (bairro nobre na Zona Oeste do Rio), em 2002, Zeca passou a beber menos. ;Aqui na Barra não tem aquela parceirada toda;, justifica ele, que não vive na farra como antes, mas tem como vizinhos Arlindo Cruz, Dudu Nobre, Jorge Aragão; e ainda encontra os compadres para tomar uns ;tira-mágoas; e compor. ;A gente se fala sempre. E toda vez que a gente se encontra, são oito, 10 músicas novas. Depois, são três dias de ressaca.;

Com elegância
Benquisto por todo mundo, excelente partideiro, Zeca Pagodinho é capaz de ficar horas a fio improvisando, versando com os amigos numa roda de samba. Gosta de fazer isso também com sua banda durante as viagens de ônibus ; hoje, menos, porque o ;pessoal vem de outros shows, de outras gravações, está todo mundo mais cansado;. Mas quando o faz, é com elegância. Sem ofender ninguém, sem soltar uma baixaria. Ele, que se diz um esculhambado, odeia falta de classe na música. ;Gosto de verso bonito, que fale de coisa bacana, tenha mensagem boa;, afirma.

Sexo e drogas são assuntos que não entram em casa, nas conversas com os filhos. ;Isso é coisa do mundão, que se aprende na rua.; De política, não gosta de falar (;melhor esquecer;). Prefere os temas sociais (;Eta povo pra lutar;). Diz, contente, que a escola que criou em Xerém agora tem internet, dentista e está sendo reorganizada para voltar a toda em 2010. ;Gosto de ver a minha rua cheia de crianças pra lá e pra cá, com aqueles uniformes.;

A banda, que o acompanha há anos, o cantor considera uma família. São ;parceiros de vagabundagem;, como ele brinca, compadres, amigos dos pagodes do subúrbio. ;A intimidade não atrapalha, é legal;, garante. ;Ele é chato. Se cismar com uma coisa, babau;, entrega (no making of) Paulão 7 Cordas, que assina a direção musical do DVD com Rildo Hora. ;É claro, quem está na frente sou eu;, defende-se Zeca. ;Às vezes não quero cantar essa ou aquela porque o público está eriçado, não vai prestar atenção numa música mais trabalhada, quer mesmo é (Quando eu contar) Iaiá, Deixe a vida me levar; Porque tem o público do teatro e o da madrugada, de parque de exposição, aquele que você entra às 3h. Ali não dá para cantar música lenta.;

Zeca ainda topa, sim, shows de madrugada. Mas faz tempo que pode se dar o luxo de ter uma agenda muito menor do que antes (;Quero curtir mais a minha vida;). No palco, o repertório muda aqui e ali, com algumas do disco mais recente, mas sempre traz uma leva de sucessos, nem que seja num pot-pourri final. ;A gente improvisa também. Se não, fica muito marcado, sem graça;, comenta ele, que se divertiu a valer com a ;transgressora; Taj Mahal. ;Fiz aquilo na saída do Jorge, não esperava que ele voltasse para cantar. Jorge é alto astral. É guerreiro mesmo, com ele não tem conversa.; Ben Jor já havia participado do CD Uma prova de amor (2008), cantando Ogum, e aceitou de imediato o convite para o DVD. E não é que Zeca ficou nervoso com a presença dele? ;Ah, cresci ouvindo Jorge Ben. Todo mundo é fã dele. O cara é um ás de ouro, né?;

1- As joias de Zeca
Em Uma prova de amor ao vivo, Zeca Pagodinho recebe a Velha Guarda da Portela, sempre presente em seus discos (;é um baú de joias;), para cantar com ele Esta melodia, Vivo isolado no mundo e o pot-pourri final (Quando eu contar, iaiá/ Hei de guardar teu nome/ Vou lhe deixar no sereno/ Quem sorrBotão Sidebar-->

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Aos 50 anos, Zeca Pagodinho lança o 20º disco

Jorge Ben Jor entrou no show de Zeca Pagodinho na hora de Ogum (veja treiller ). Chegou quase no fim da música, a 11; do roteiro. Cumprimentou o anfitrião cabeça com cabeça, fez a Oração de São Jorge e antes de sair do palco do Citibank Hall, no Rio, ganhou um demorado abraço do amigo. Zeca puxou o coro (;teteteteretê, teteteteretê;), a plateia entrou na onda. E não é que Jorge voltou? ;Fá sustenido!”, pediu, dando a nota de Taj Mahal aos músicos. Zeca adorou. ;Isso não estava combinado;, ele ria. ;Show tem que ser assim, ninguém combina nada e ;vambora;.;

Gravado em 10 de julho, com a participação de Ben Jor, Almir Guineto e a Velha Guarda da Portela(1), Uma prova de amor ao vivo, que chega às lojas esta semana, é o terceiro espetáculo de Zeca Pagodinho registrado pela MTV e lançado em CD e DVD pela Universal Music. Os dois anteriores, da série Acústico, foram feitos em 2003 e 2006, naquele bem-comportado formato do banquinho (embora ele não tenha respeitado as regras o tempo todo). Este, não. Era para ser um show como os outros dele. E foi. Ainda que a presença das câmeras o tenha deixado mais contido do que o habitual. ;Manera, mané, manera;, brincava o cantor no palco, preocupado com o seu, digamos, ;lado B;.

Pois é, aos 50 anos, com o 20; disco na praça (o primeiro saiu em 1986), o sambista mais popular do país diz que sofre com a dupla personalidade: o Zeca de casa, pai de quatro filhos, e o Zeca da rua, do palco, maluco. ;É difícil lidar com os dois. Quando o da rua vem, me deixa dois dias de ressaca. É um problema;, conta, em entrevista por telefone. E ele vem bastante? ;Ah, ultimamente, não. Está suspenso. Andava muito violento. Quero dizer, violento na orgia, né?;

Desde que se mudou do sítio em Xerém (Baixada Fluminense) para a Barra da Tijuca (bairro nobre na Zona Oeste do Rio), em 2002, Zeca passou a beber menos. ;Aqui na Barra não tem aquela parceirada toda;, justifica ele, que não vive na farra como antes, mas tem como vizinhos Arlindo Cruz, Dudu Nobre, Jorge Aragão; e ainda encontra os compadres para tomar uns ;tira-mágoas; e compor. ;A gente se fala sempre. E toda vez que a gente se encontra, são oito, 10 músicas novas. Depois, são três dias de ressaca.;

Com elegância
Benquisto por todo mundo, excelente partideiro, Zeca Pagodinho é capaz de ficar horas a fio improvisando, versando com os amigos numa roda de samba. Gosta de fazer isso também com sua banda durante as viagens de ônibus ; hoje, menos, porque o ;pessoal vem de outros shows, de outras gravações, está todo mundo mais cansado;. Mas quando o faz, é com elegância. Sem ofender ninguém, sem soltar uma baixaria. Ele, que se diz um esculhambado, odeia falta de classe na música. ;Gosto de verso bonito, que fale de coisa bacana, tenha mensagem boa;, afirma.

Sexo e drogas são assuntos que não entram em casa, nas conversas com os filhos. ;Isso é coisa do mundão, que se aprende na rua.; De política, não gosta de falar (;melhor esquecer;). Prefere os temas sociais (;Eta povo pra lutar;). Diz, contente, que a escola que criou em Xerém agora tem internet, dentista e está sendo reorganizada para voltar a toda em 2010. ;Gosto de ver a minha rua cheia de crianças pra lá e pra cá, com aqueles uniformes.;

A banda, que o acompanha há anos, o cantor considera uma família. São ;parceiros de vagabundagem;, como ele brinca, compadres, amigos dos pagodes do subúrbio. ;A intimidade não atrapalha, é legal;, garante. ;Ele é chato. Se cismar com uma coisa, babau;, entrega (no making of) Paulão 7 Cordas, que assina a direção musical do DVD com Rildo Hora. ;É claro, quem está na frente sou eu;, defende-se Zeca. ;Às vezes não quero cantar essa ou aquela porque o público está eriçado, não vai prestar atenção numa música mais trabalhada, quer mesmo é (Quando eu contar) Iaiá, Deixe a vida me levar; Porque tem o público do teatro e o da madrugada, de parque de exposição, aquele que você entra às 3h. Ali não dá para cantar música lenta.;

Zeca ainda topa, sim, shows de madrugada. Mas faz tempo que pode se dar o luxo de ter uma agenda muito menor do que antes (;Quero curtir mais a minha vida;). No palco, o repertório muda aqui e ali, com algumas do disco mais recente, mas sempre traz uma leva de sucessos, nem que seja num pot-pourri final. ;A gente improvisa também. Se não, fica muito marcado, sem graça;, comenta ele, que se divertiu a valer com a ;transgressora; Taj Mahal. ;Fiz aquilo na saída do Jorge, não esperava que ele voltasse para cantar. Jorge é alto astral. É guerreiro mesmo, com ele não tem conversa.; Ben Jor já havia participado do CD Uma prova de amor (2008), cantando Ogum, e aceitou de imediato o convite para o DVD. E não é que Zeca ficou nervoso com a presença dele? ;Ah, cresci ouvindo Jorge Ben. Todo mundo é fã dele. O cara é um ás de ouro, né?;

1- As joias de Zeca
Em Uma prova de amor ao vivo, Zeca Pagodinho recebe a Velha Guarda da Portela, sempre presente em seus discos (;é um baú de joias;), para cantar com ele Esta melodia, Vivo isolado no mundo e o pot-pourri final (Quando eu contar, iaiá/ Hei de guardar teu nome/ Vou lhe deixar no sereno/ Quem sorriu foi a patroa/ Bagaço da laranja). Também divide com o compadre Almir Guineto Lama nas ruas, música que os dois fizeram há mais de 20 anos, numa noite de tempestade na Serra da Cantareira.

Serviço

UMA PROVA DE AMOR AO VIVO DVD (25 faixas mais making of) e CD (16 faixas) de Zeca Pagodinho, com direção musical de Paulão 7 Cordas e Rildo Hora. Lançamento Universal Music.

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