A cantora Jane Duboc conheceu o guitarrista Victor Biglione há 30 anos, quando ambos participavam da gravação de um disco de Oswaldo Montenegro. Trinta anos depois, os dois se reencontram em projeto no qual fazem tributo a Ella Fitzgerald. Jane conta que aprendeu a gostar da lendária artista norte-americana "ainda na barriga da mãe". Tanta intimidade com a obra da cantora certamente colabora para que Tributo a Ella Fitzgerald seja o excelente disco que é. Com uma voz mais grave, menos suave que o habitual, Jane Duboc surpreende ao interpretar canções como Night and day, Love is here to stay, Lush life, Stormy weather e outros clássicos do repertório de Ella, todos arranjados por Biglione.
É, certamente, um dos melhores discos da carreira da cantora, que está em constante atividade há pelo menos quatro décadas. Jane cantou em casas noturnas nos Estados Unidos quando morou lá, aos 17 anos, foi crooner da Banda Veneno do maestro Erlon Chaves, excursionou com Egberto Gismonti, gravou jingles publicitários e trilhas para cinema, lançou mais de 15 discos solo e até teve a própria gravadora, a Jam ; pela qual lançou discos de Ângela Ro Ro, Alaíde Costa e Beth Carvalho, entre outros.
Quando teve seu primeiro contato com a música de Ella Fitzgerald?
Quando ainda estava na barriga de minha mãe, grande admiradora da voz incrível de Ella.
Como surgiu a ideia de homenageá-la junto a Victor Biglione?
David, presidente da CJUB, grupo de aficcionados por jazz, viu uma entrevista que fiz para Zé Maurício Machline na tevê e ouviu minha declaração de amor por Ella. Convidou-me para a homenagem que fizeram para a cantora no ano passado. Victor foi comigo.
Seu canto está menos suave e agudo e mais denso e grave. Foi pensado propositadamente para o disco ou é uma mudança natural?
Cada estilo de música exige um tipo de interpretação. Escolhi tonalidades que achei adequadas para as canções.
É muito disciplinada com a voz?
Evito ar-condicionado e gelo. Não sou neurótica, porém um cachecol está sempre dentro da bolsa durante o inverno.
Você tem um filho músico, o Jay Vaquer. Apesar de serem propostas musicais bem diferentes, vocês trocam ideias, conversam muito sobre música?
Jay sempre compôs. Toca violão muito bem e escreve letras lindas. Nossas propostas são musicais e verdadeiras e, por isso, acho até que se parecem. Trocamos ideias e conversamos muitíssimo sobre música. Adoro as melodias dele.
Em 2005, você lançou um disco no Japão? Como é sua relação com o país? Tem se apresentado lá? Há muitos espaços no Japão para músicos brasileiros?
Já fui quatro vezes ao Japão. Fui sempre muito bem recebida. Os japoneses adoram a nossa música. O samba, o choro, a bossa nova...
Vocês têm apresentado show baseado no disco? Quais são os planos em relação a isso?
Viajar muito. A receptividade tem sido ótima. As músicas que Ella gravou, são excepcionais. Todas deslumbrantes para mim. Meu parceiro, Victor, tocou muito bonito e também colocou o coração no projeto.