Liima Duarte é aquele tipo de ator que se entrega aos personagens. Tanto que, aos 79 anos, afirma que Shankar mudou sua forma de ver a vida. Sem férias à vista, o ator conta seus planos e diz que atribui sua energia a uma vida tranquila no sítio onde mora, no interior de São Paulo. Acompanhe nosso bate-papo:
A cultura indiana se difere muito da nossa. Você acha que a novela educou os brasileiros de alguma forma?
Claro, ao mostrar como as sociedades de outros países funcionam. A grande jogada dessa novela foi nos revelar a verdadeira face do outro, um ser humano completamente oposto do que vive aqui no Brasil. Não é melhor ou pior, apenas diferente. Você aprende a entender, apreciar e, se possível, a aceitar o outro.
O que mais o impressionou na Índia?
A religiosidade tão ligada à vida. Você anda, come e ama de acordo com um deus. Eu admiro demais Ganesha, deus da alegria e da sorte.
Shankar o fez repensar a vida?
Ele mudou muita coisa em mim. Shankar tem me servido de norte em meio à vida moderna. Ele me fez ver o mundo de outra forma.
Como Shankar, você se desprenderia dos seus bens?
Não tenho a grandeza dele, não sou um ser tão livre da matéria. Seria muito difícil ter tudo e, depois, abrir mão das conquistas.
Como você faz para ter tanta energia?
Sou muito saudável. Moro sozinho num sítio, não fumo, não bebo, vivo com meus cachorros e cavalos. Essa é a minha preparação. Outro dia estava decorando um sermão do padre Antônio Vieira. Eu andava pelo sítio e repetia o texto em voz alta. Passou um homem por lá e disse: %u201CO Zeca Diabo (seu personagem em O Bem-Amado, em 1973) ficou louco%u201D (risos).
Como você pretende comemorar seus 80 anos em março?
Sou retirante, saí jovem de Minas Gerais e fui para São Paulo num caminhão de manga. Só a viagem levou três dias. No meu aniversário pretendo ir ao mercado onde vi o caminhão pela última vez, saber se ele ainda está lá, pegá-lo e voltar para Minas (risos).
O que vai fazer agora?
Rodar o filme Olhos vermelhos, em Portugal. Depois, serei jurado de um festival de cinema em Mumbai, na Índia.
Não se sente só no sítio?
Adoro minha solidão, quero sossego!