Quando lançou Athos Bulcão, em 2001, a fundação que leva o nome do artista reuniu material para 330 páginas. Fotografias de centenas de obras e uma biografia integravam o livro em edição de luxo. Desde então, a obra do artista cresceu e novos painéis ganharam forma. A fundação achou que era hora de completar o livro e realizar uma edição ampliada. Athos Bulcão, que será lançado hoje no Brasília Palace Hotel, traz 100 páginas a mais que o livro anterior e abrange um leque maior da produção do artista acompanhada de dois textos críticos inéditos e fotografias de Edgard César.
Além de obras que ainda não existiam quando a fundação editou o primeiro livro, a nova publicação foi incrementada com reproduções das 32 fotomontagens realizadas entre 1952 e 1959 e pertencentes ao acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Textos dos críticos André Corrêa do Lago e Paulo Sérgio Duarte também estão no livro, que reúne ainda uma fortuna crítica com ensaios publicados por nomes como Paulo Herkenhoff e Agnaldo Farias ao longo dos anos. "O Athos merece quantas edições a gente conseguir fazer, porque é uma forma de dar material para as pessoas que estão descobrindo o trabalho dele. Tem uma generosidade tão grande que a integração com a obra de Oscar (Niemeyer) fez com que ficasse anônimo. Ele integra tão bem que todo mundo acha que a obra é do arquiteto. E o livro é uma forma de dar material para que as pessoas possam ter onde estudar", explica Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, que conseguiu R$ 300 mil de uma emenda parlamentar para realizar o livro.
Para Paulo Sérgio Duarte, professor de história da arte e pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Universidade Cândido Mendes, no Rio, a liberdade é a marca mais importante na obra de Athos Bulcão. O trânsito entre o figurativo das máscaras e desenhos e a geometria das obras idealizadas para projetos arquitetônicos são a prova de como o artista conseguia estar à vontade dentro de um grande leque de formas e traços.
"O figurativo dele não é estrito senso, é de uma liberdade muito grande. O que acho magistral no Athos, e que fica magistralmente realizado nas obras do Lelé (arquiteto João Filgueiras Lima), é essa adequação do espaço, onde arquitetura e arte aplicada formam um conjunto orgânico. Não dá para separar um do outro. A adequação é de uma integridade rara na história da arquitetura moderna. É um exercício a ser estudado, um curso completo dos limites da nossa modernidade", diz o crítico. Durante o lançamento, hoje à noite, o público poderá participar do sorteio de um desenho original de Athos Bulcão. Quem comprar o tíquete de R$ 200 para concorrer ganha também a nova edição do livro.
Athos Bulcão
Lançamento hoje, às 20h, no Brasília Palace Hotel (Setor Hoteleiro Norte, Tc. 1 Lt. 1).