Foles dá base ao roteiro do show que Pablo apresenta de hoje a sexta-feira, às 21h45, no Clube do Choro, pelo projeto Dorival para sempre Caymmi. Em sua companhia estará o Trinca Harmônica e, amanhã, haverá a participação especial do Pé do Cerrado. ;São companheiros que faço questão de ter ao meu lado em todos os meus projetos musicais;, anuncia o instrumentista.
Oito dos temas reunidos no Foles serão mostrados no show, entre os quais Graciosa, Maracatu pra tu, Pétalas de margarida, de autoria do gaitista; Sagarana (Marcus Moraes), Preciso me encontrar (Candeia) e Feira de Mangaio (Sivuca e Glorinha Gadelha), que no disco contou com a participação de Dominguinhos. ;Vou mostrar, também, Partiu do alto, composição minha, do disco Transcontinental music express, que gravei com o violinista Ted Falcon, e Bisa, de Bruno Ribeiro;.
A homenagem a Caymmi será com clássicos da obra do patriarca da música baiana, como Canoeiro, É doce morrer no mar, Maracangalha, Morena do mar e Samba da minha terra. ;Dei uma mergulhada na obra do Caymmi antes de definir o repertório do show. Já conhecia alguma coisa dele, mas agora vai ser a primeira vez que vou tocar pérolas criadas pelo mestre. Junto com o Trinca Harmônica, fiz novos arranjos para elas;, anuncia.
Pablo iniciou a trajetória artística há 17 anos, ao descobrir na gaita diatônica as raízes negras do blues. Em seguida, já integrando o Pé de Cerrado, passou a dedicar-se a ritmos regionais brasileiros ; coco, maracatu, baião e ciranda. Com o grupo, gravou um CD, lançado em 2004. Naquele ano, juntou-se a outros músicos brasilienses na Brazilian All Star Blues Band, que abriu o show de BB King, em tenda montada no Pontão do Lago Sul.
Desde 2006 o gaitista (graduado em engenharia florestal) tem participado de festivais no Brasil e no exterior. Em 2007 foi o único brasileiro presente no Society for the preservation advancement of harmonica, em Milwakee, em Wiscosin (EUA), que reuniu nomes consagrados como J.J. Milteau, Peter Mad Cat, Stan Harper e Howard Levy.
Para lançar o Foles, Pablo se apresentou em março no extinto Espaço Brasil Telecom (atual Teatro Brasília), em festivais realizados nas cidades goianas de Caldas Novas, Cavalcante e Pirenópolis e no Festival de Blues e Jazz de Guaramiranga, no Ceará. ;Lá tive o prazer e a honra de dar canja em ensaio aberto do show do belga Toots Thielemans, o grande mestre da gaita;, conta, orgulhoso.
PABLO FAGUNDES
Show do gaitista, acompanhado pelo grupo Trinca Harmônica, de hoje a sexta-feira, às 21h45, pelo projeto Dorival para Sempre Caymmi. No Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.
; Áudio: ouça trecho da música Trem
; Crítica - Foles
Uma gaita que só falta falar
José Carlos Vieira
O brasiliense Pablo Fagundes é do mundo. Suas frases musicais já foram emprestadas ao jazz, ao blues, ao forró e outros tantos gêneros musicais. Esta viagem pode ser feita no impecável disco Foles, lançado pelo gaitista no começo do ano. Nas 12 faixas, surpreenderam-me preciosidades como a revisitação da Feira de Mangaio, com a sanfona luxuosa de Dominguinhos, e Trem, na qual Pablo tira todos sons possíveis de sua gaita diatônica solo. Maracatu pra tu é virtuose pura, tem uma levada envolvente. É o cara. E esse cara foi aluno do mestre na gaita cromática Maurício Einhorn. Estudioso e pesquisador, Pablo criou a primeira gaita diatônica com madeira nacional não ameaçada de extinção. O projeto chamou a atenção da mais tradicional fábrica de gaitas do Brasil, a Hering, que hoje fabrica e distribui para o mundo instrumentos made in Brazil e ecologicamente corretos. Não se pode esquecer também da qualidade dos músicos que o acompanham no CD e em shows, como a ;família; Pé no Cerrado e a Trinca Harmônica, com Marcus Moraes (violões), Vavá el Afiouni (baixo elétrico) e Rafael dos Santos (bateria e percussão). Produzido em parceria com Kiko Freitas, é um CD para ser ouvido naquelas boas manhãs ou noites de paz de espírito.